Cotas universitárias: perspectivas de estudantes em situação de vestibular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Guarnieri, Fernanda Vieira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-05112009-202847/
Resumo: Este estudo focaliza as Cotas Universitárias enquanto política pública de Ação Afirmativa na Educação Superior. Por se tratar de uma implantação legislativa recente e de abranger complexas temáticas humanas, como questões étnicas, raciais e sociais, que afetam a referência identitária brasileira e pelo fato de já existirem várias instituições com programas de cotas em funcionamento, faz-se necessário acompanhar as repercussões dessas medidas em diversos segmentos da sociedade, sobretudo entre a população diretamente interessada, ou seja, os jovens que aspiram ao acesso à universidade. O presente estudo tem como finalidade investigar a opinião de um grupo de vestibulandos a respeito desse assunto. O estudo foi realizado em duas etapas. Na primeira, 107 estudantes matriculados em cursos pré-vestibulares, distribuídos em dois grupos: de cursinhos comunitários (Grupo A, n = 53) e de particulares (Grupo B, n = 54). Os jovens responderam a um questionário contendo temas que focalizam as cotas universitárias e outros que tangenciam o objeto de estudo, como o vestibular, acesso ao Ensino Superior, questões étnicas e raciais e papel do Governo Federal no processo de implementação de medidas afirmativas. Na segunda etapa seis dos participantes foram entrevistados individualmente, sendo três de cada Grupo. A análise quantitativa deu-se mediante o tratamento dos dados obtidos por meio do Questionário, com base na estatística descritiva e a aplicação do teste Qui-quadrado. A análise qualitativa fundamenta-se na teoria sócio-cognitiva de desenvolvimento de carreira com aportes da teoria das representações sociais. Os resultados mostram que em relação à implantação dos programas de cotas universitárias, 54,7% do grupo A concorda com a implantação das cotas, enquanto 81,5% de B discorda. O grupo B parece mais informado sobre assunto, já que 83,3% sabe da existência de pelo menos 14 instituições do Ensino Superior com programas de cotas, contra 67,9% do grupo A. Sobre o Projeto de Lei Federal que institui cotas sociais e étnicas em universidades públicas, o percentual do grupo A que concorda com a implantação da medida é significativamente superior ao do grupo B (64,2% versus 14,8%). Quanto à questão étnico-racial, a maioria dos participantes concorda que há preconceito racial contra negros no Brasil (94,3% em A e 96,3% em B) e que brancos e negros são tratado de maneiras diferenciadas (83% de A e 87% do grupo B). Atribuiu-se à escravidão a causa principal da situação atual de pobreza dos negros (71,7% em A; e 88,9% em B). Outras diferenças e semelhanças entre as opiniões dos dois grupos são analisadas e discutidas.