Avaliação da medula óssea por ressonância magnética em pacientes com doença falciforme e sua associação com a gravidade clínica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lins, Carolina Freitas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17142/tde-09042021-105801/
Resumo: A doença falciforme (DF) cursa com múltiplas complicações clínicas, destacando-se manifestações crônicas na medula óssea secundárias à hemólise, com persistência da medula hematopoiética nas crianças e reconversão medular nos adultos, além de eventos ósseos vaso-oclusivos. A ressonância magnética (RM) permite boa avaliação destas alterações, destacando-se o estudo da medula óssea, com análise qualitativa e recursos quantitativos. Dentre eles, ressalta-se a técnica DIXON pela rapidez de execução e facilidade de processamento. Assim, diante da necessidade de investigar potenciais parâmetros que permitam aferir a gravidade da DF, o presente estudo pretende avaliar a medida da fração de gordura na medula óssea pela técnica DIXON de seis pontos como potencial biomarcador de gravidade clínica. Trata-se de estudo de corte transversal com grupos de comparação (DF e controle) em que todos os participantes realizaram RM da coluna lombar e da bacia com imagens na sequência IDEAL-IQ (técnica DIXON de seis pontos) para quantificação da fração de gordura (FGdix). Utilizamos regiões de interesse nos corpos vertebrais lombares e na primeira vértebra sacral, bem como nos ilíacos, cabeças femorais, trocanteres maiores dos fêmures e colos femorais. Os pacientes com DF preencheram questionário clínico-demográfico e realizaram alguns exames laboratoriais. A ferramenta \"Sickle Cell Disease Severity Calculator\" foi utilizada para o cálculo dos escores de gravidade da DF. As alterações ósseas secundárias a fenômenos vaso-oclusivos foram agrupadas na variável complicações ósseas e os dados de dosagem de hemoglobina sérica Hb ≤ 9,5 g/dl e LDH > 300 U/L permitiram a criação da variável hemólise. Foram 96 participantes, pareados por sexo, peso e idade, sendo 48 com DF, destes, 26 eram do subtipo HbSS e 22 HbSC. Os achados mais frequentes nos pacientes do grupo DF, em ordem decrescente, foram necrose avascular da cabeça femoral (75%), infartos ósseos (58,3%), vértebras com morfologia em \"H\" (58,3%) e necrose da medula óssea (8,3%). Além disso, foi observada uma maior espessura da cortical óssea nos pacientes com DF em relação ao grupo controle e identificamos frequência não desprezível de necrose da medula óssea no grupo DF. A espessura da cortical óssea nas porções proximais das diáfises femorais nos pacientes com DF apresentou moderada correlação negativa com a medida da FGdix nas vértebras lombares, ilíacos, colos femorais e na primeira vértebra sacral. Além disso, a FGdix foi menor nos pacientes com DF em relação ao grupo controle, apresentando valores ainda mais baixos no subtipo HbSS (mais graves) e nos pacientes com maior grau de hemólise, bem como nos que apresentaram mais complicações ósseas por eventos vaso-oclusivos. Assim, a FGdix demonstrou ser um parâmetro com potencial utilidade no acompanhamento do tratamento, bem como na avaliação da gravidade da DF, destacando-se os ilíacos e as cabeças femorais como melhores locais para aferição da FGdix.