A etnoecologia dos jardins-quintal e seu papel no sistema agrícola de populações quilombolas do Vale do Ribeira, São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Taqueda, Carolina Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-02032010-100910/
Resumo: O presente trabalho propõe-se a investigar alguns aspectos referentes a estrutura e função de 71 jardins-quintais como subunidades dos sistemas agrícolas das comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, município de Eldorado Paulista, São Paulo. Dessa forma, pretende-se compreender e problematizar a importância desses espaços no sistema produtivo agrícola mais abrangente desses caipiras negros, bem como as transformações pelas quais essas mesmas subunidades agrícolas vêm passando ao longo das últimas décadas. A agricultura itinerante uma das principais fontes de subsistência para populações humanas que habitam as florestas tropicais ao redor mundo. De maneira geral, os sistemas agrícolas baseiam-se criticamente na mão de obra familiar, sendo altamente influenciados pela organização social e dinâmica da unidade doméstica (Ali 2005, Pedroso-Júnior 2008, Pedroso-Júnior et al 2008). O estudo desses sistemas tem crescido em importância e visibilidade, com enfoque voltado principalmente para a dinâmica de roças e florestas. No entanto, a unidade jardim-quintal, até então considerada secundária na produção e reprodução doméstica, constitui um importante elo no entendimento das práticas agroflorestais locais. Para execução deste trabalho lançou-se mão de duas bases analíticas: uma qualitativa e etnográfica e a outra quantitativa e sistemática. As unidades de análise deste estudo foram o indivíduo e a unidade doméstica (UD). As mulheres foram as informantes-chave já que são reconhecidamente as principais mantenedoras de jardins e quintais. Assim, cada UD pesquisada teve uma informante. Os métodos utilizados para caracterizar e quantificar a composição e diversidade dos jardins e quintais foram questionários abertos e listagens livres. Para a descrição de alguns elementos estruturais e funcionais dos jardins-quintal foi utilizada a estatística descritiva. As comparações entre as comunidades estudadas foram realizadas através de testes de hipótese. A conjugação de dados socioeconômicos com os conjuntos de dados referentes aos jardins-quintal foi analisada utilizando-se a estatística multivariada. Os resultados mostraram que os jardins-quintal das comunidades quilombolas aqui referenciadas são sistemas agrícolas altamente complexos, tanto em seu aspecto estrutural quanto funcional, estando submetidos a transformações significativas principalmente ao longo das 6 últimas décadas. As diferenças socioeconômicas existentes entre as unidades domésticas não têm relação direta com a diversidade de etnovariedades dos jardins-quintal.