Efeitos da suplementação de ômega 3 no perfil lipídico, marcadores de inflamação e do estresse oxidativo, em adultos soropositivos para o HIV em terapia antirretroviral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Cetrulo, Marina Balieiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-06092019-143611/
Resumo: A terapia antirretroviral mudou o panorama da AIDS, entretanto, seus efeitos tóxicos no organismo estão associados com alterações metabólicas, na composição corporal, e no aumento do risco de doenças cardiovasculares. A dieta possui importante papel no controle de doenças cardiovasculares, e o ômega 3 tem sido reportado na literatura como protetor destas doenças, atribuído principalmente à sua função anti-inflamatória e de melhora no perfil lipídico. Com o objetivo de avaliar o efeito da suplementação de ômega 3 no perfil lipídico, em marcadores de inflamação e do estresse oxidativo de adultos soropositivos em terapia antirretroviral (TARV), realizamos um ensaio clínico randomizado duplo-cego por 12 semanas em 3 grupos: grupo ômega 3 (5 cápsulas de 1g de óleo de peixe/dia; total de 2750mg de ômega 3); grupo placebo (5 cápsulas de 1g de óleo de girassol/dia); grupo combinado (2 cápsulas de 1g de óleo de peixe + 3 cápsulas de 1 g de óleo de girassol/dia; total de 1100mg de ômega 3). Analisamos antes e após a intervenção, como variáveis de interesse primário, os exames bioquímicos: perfil lipídico, marcadores de inflamação (TNF-?, IL6, IL-10 e PCR) e marcadores do estresse oxidativo (MDA, GSH e vitamina E); e como variáveis de interesse secundário: perfil de ácidos graxos, proteínas totais, glicose, ácidos graxos livres e metilação do DNA. Caracterizamos a ingestão alimentar antes e após a intervenção por recordatório alimentar de 24h e classificamos o estado nutricional pelo índice de massa corporal (IMC). Nas análises estatísticas utilizamos: ANOVA de Medidas Repetidas Modelo Mixto, teste do X², teste exato do X², e teste de ShapiroWilks. Adotamos como nível de significância p <= 0.05. Os resultados mostraram alterações estatisticamente significantes no grupo ômega 3 em que houve: aumento no colesterol total (de 194mg/dl para 212,7mg/dl; p=0,005), redução no MDA (de 10,5?M para 6,6 ?M; p=0,001) e aumento na vitamina E (de 8,7?M para 10,7?M; p=0,001); no grupo placebo: redução nos triglicérides (de 314,8mg/dl para 219,2mg/dl; p=0,004), aumento na IL-10 (de 1,8pg/ml para 3,2pg/ml; p=0,03), redução no MDA (de 9,1 ?M para 6,5 ?M; p=0,001), aumento na vitamina E (de 9?M para 11?M; p=0,001), aumento na metilação do DNA (de 45,7ng/ml para 49,4ng/ml; p=0,007); e no grupo combinado: aumento no HDL colesterol (de 29,2mg/dl para 33,6mg/dl; p=0,04); redução no MDA (de 9,2?M para 6,6 ?M; p=0,001) e aumento na vitamina E (de 11,3?M para 11,6?M; p=0,001). Conclusão: A suplementação com ômega 3, em doses distintas, trouxe benefícios apenas para o quadro de estresse oxidativo (MDA e vitamina E). O grupo placebo, além do estresse oxidativo, apresentou melhoria no perfil lipídico (redução nos triglicérides), na inflamação (aumento na IL-10) e na metilação do DNA. Dessa forma, fica aberta a possibilidade de investimentos em pesquisas que avaliem a suplementação com óleo de girassol (grupo placebo) em pacientes soropositivos em uso de TARV, abrindo novas alternativas terapêuticas de intervenção de baixo custo e efeitos colaterais