Resposta metabólica aguda à suplementação endovenosa de lipídeos em pacientes queimados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Vinha, Paula Pileggi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-25082021-085733/
Resumo: Introdução: A resposta metabólica secundária ao trauma térmico agudo acarreta estresse inflamatório com resposta inflamatória sistêmica (SIRS), sepse, choque e síndrome da disfunção de múltiplos órgãos e sistemas (SDMOS). A diminuição dos lipídeos séricos secundária à queimadura implica em pior prognóstico, e embora seja recomendado de suplementar lipídeos e ácidos graxos ômega 3 (n-3), são escassos os estudos avaliando suas respectivas ações sobre o estresse inflamatório e no metabolismo lipídico nas vítimas de trauma térmico agudo. Objetivos: Em vítimas de queimaduras agudas, avaliar indicadores bioquímicos nutrológicos e metabólicos, a resposta inflamatória e os níveis de lipídeos após suplementação endovenosa de emulsão lipídica padrão e de ácidos graxos n-3. Casuística e métodos: Conduzido na Unidade de Queimados do HCFMRP-USP, de acordo com as normas éticas, em 18 pacientes, ambos os gêneros, idade ≥16 e ≤70 anos, tempo de internação ≤48 horas do trauma térmico agudo, superfície corporal queimada (SCQ) ≥15% e ≤40%, alocados em três grupos de estudo. No Grupo Controle (GC/n=8) os pacientes não receberam intervenção clínica. No Grupo Lipídeo (GL/n=4), os voluntários receberam uma única infusão endovenosa (EV) de 400mL de emulsão lipídica padrão (ELP), e os voluntários do Grupo Ômega (GO/n=6) receberam 400mL EV de emulsão lipídica padrão acrescida de 100mL de emulsão lipídica de ômega-3 (ELO-3), totalizando a oferta de 500mL de lipídeo por infusão. Esta foi realizada na noite do D5 para o D6 e as análises laboratoriais para avaliação geral, nutrológica e inflamatória foram realizadas nas manhãs do D3, D5, D7 e D10. Para tratamento estatístico foi utilizado o software \"SPSS v.17.0. Considerada significância estatística quando valores de p ≤0,05. Resultados: A análise das variáveis não apresentou diferença estatística entre os grupos no D3 e D5. A análise longitudinal evidenciou alterações significativas nos grupos GC e GO-3, sendo que no GC houve aumento de proteínas totais (PT) (p=0,003*) , de albumina (p=0,03*) e de α-1 glicoproteína ácida (α-1 glic.) (p=0,01*) a partir do D3. No GO-3 os níveis de PT foram maiores no D10 (p=0,03*), com aumento de α-1 glic. (p=0,007*) e de ferritina a partir do D7 (p=0,02*). Em todos os grupos houve tendência ao aumento de α-1 glic., sem tendência a alteração nos níveis de glicemia, cortisol, colesterol total, HDL-c, LDL-c e Triglicerídeos. O GC apresentou tendência ao aumento dos níveis de ferritina (p=0,01*); o GO-3 tendência ao aumento de PT (p=0,003*) e albumina (p=0,02*), além de diminuição nos níveis de PCR (p=0,01*). Conclusões: Os dados obtidos evidenciam o estresse inflamatório decorrente do trauma térmico, independente da suplementação EV de lipídeos com ou sem ácidos graxos n-3, mostrando uma tendência ao aumento de alfa-1 glicoproteína ácida em todos os grupos de estudo, porém com tendência ao aumento da ferritina apenas no Grupo Controle. O Grupo Ômega apresentou tendência ao aumento de PT e albumina, além da diminuição da PCR. Tais dados indicam que há evidências benéficas da suplementação de ácidos graxos n-3 em pacientes vítimas de queimadura aguda. Porém, não são suficientes para apontar a necessidade da suplementação EV de ácidos graxos n-3 da forma isolada. São necessários mais estudos que determinem as necessidades de ácidos graxos ômega-3 em pacientes queimados.