Processo de trabalho, divisão sexual do trabalho e práticas sociais das operárias na indústria eletroeletrônica no contexto da flexibilidade produtiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Lapa, Thaís de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-09062015-122236/
Resumo: Os processos de flexibilidade produtiva com transformações tecnológicas e organizacionais nas empresas, que ocorrem no Brasil sob a égide da reestruturação produtiva capitalista desde 1980 e com maior ênfase em 1990, são observados neste estudo à luz da problemática da divisão sexual do trabalho, tomando como campo de análise o segmento de eletroeletrônicos, o qual possui a mais elevada proporção de mulheres da indústria metalúrgica. A pesquisa parte da problemática da visibilização de trabalhadoras como objeto de conhecimento nas análises sobre a classe trabalhadora, procurando oferecer contribuição à sociologia do trabalho a partir de reflexão empírica-teórica gendrada sobre o trabalho, sustentando assim a necessidade do reconhecimento da composição sexuada da classe e reivindicando a indissociabilidade das dimensões classe e gênero. Com base em estudo setorial focado em duas indústrias eletroeletrônicas transnacionais no ramo de telecomunicações e informática, cujas plantas analisadas localizam-se em municípios do interior de São Paulo, foram identificadas e analisadas características do processo de trabalho em diversos setores produtivos das empresas. Essas empresas fabricam no Brasil - uma desde a década de 1990 e outra desde 2000 - telefones celulares, tablets, monitores, notebooks, entre outros equipamentos, e empregam majoritariamente mulheres. A partir do enfoque sobre o processo de trabalho, a pesquisa procurou investigar formas contemporâneas de organização do trabalho (flexíveis ou rígidas) na indústria eletroeletrônica e as condições de trabalho que delas resultam, especialmente para as operárias. Estas condições se produzem em ambiente com flexibilidade interna e externa do processo produtivo que, contudo, manteriam mecanismos rígidos de gestão, como trabalho prescrito, controle sobre o tempo, pausas e cadência e pressão por metas, métodos que predominam nas funções taylorizadas e que costumam, também, ser funções femininas. Assim, foram analisados os critérios e as formas apresentados para a divisão sexual no interior do processo de trabalho em diversos setores das duas fábricas, abordando permanências históricas e mudanças nessa divisão, assim como especificidades sobre o controle e a qualificação do trabalho feminino. Foram investigados, também, elementos da subjetividade e significado social do trabalho para as operárias, bem como práticas sociais que derivam de sua condição de sujeitos sexuados, forjadas em relações sociais de sexo/gênero e classe, nos espaços interno e externo à fábrica. Por meio de entrevistas semi-estruturadas com trabalhadoras/es e dirigentes sindicais representantes das/os trabalhadoras/es das duas empresas, o estudo procurou compreender em que medida as formas de organização produtiva e de divisão sexual do trabalho identificadas na indústria eletroeletrônica influenciam na reprodução das relações sociais de classe e de gênero e/ou nas possibilidades de sua transformação.