A concepção de enfermeiros sobre deficiência e o cuidado integral do escolar com deficiência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Bruna Domingos dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-09082023-155606/
Resumo: Viabilizar o cuidado integral do público infantil com deficiência requer atuar na qualificação de profissionais de saúde, como a enfermeira, e promover meios para facilitar a articulação entre os serviços de reabilitação, a atenção básica e a escola. Com relação a esta formação, evidenciamos as concepções de deficiência como fenômeno que impacta atitudes sociais favorecendo ou impedindo a participação plena de pessoas com deficiência na sociedade. Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a relação entre a concepção de deficiência de enfermeiras que atuam com crianças e adolescentes com deficiência em fase escolar e o cuidado realizado por elas. Trata-se de um estudo qualitativo, fundamentado na abordagem histórico-cultural. Para a produção dos dados, utilizaram-se entrevistas semiestruturadas que foram audiogravadas e transcritas de forma literal. A análise temática indutiva foi utilizada para o processo de análise dos dados. Ao todo, 15 enfermeiras de quatro diferentes municípios aceitaram participar da investigação. Seis enfermeiras atuavam na atenção básica; outras cinco, na atenção secundária, em serviços especializados; quatro, na atenção terciária. A partir da análise, três unidades temáticas foram produzidas, a saber: \"1) Contradições das concepções de deficiência e a materialidade no cuidado de enfermagem\", \"2) Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPCD): (des)cobrindo barreiras\" e \"3) O papel da formação de enfermagem para a constituição do ser enfermeira que cuida de crianças com deficiência: reflexões sobre a promoção da saúde como tema transversal\". O conceito de deficiência das enfermeiras foi percebido como predominantemente alinhado ao modelo médico da deficiência; no entanto, a prática de cuidados com a população infanto-juvenil com deficiência provoca tensionamentos dialéticos que ressignificam a deficiência, a pessoa com deficiência e o próprio cuidado de enfermagem. As significações de deficiência foram identificadas como elemento mediador do cuidado de enfermagem com a população com deficiência e, por isso, estiveram presentes em todas as unidades temáticas. A lógica que pensa o cuidado em saúde do público infanto-juvenil com deficiência como exclusivamente dos serviços especializados, a assistência em saúde fragmentada e médico-centrada foram aspectos levantados como barreiras que impedem o ideal funcionamento da RCPCD. A enfermeira sente-se despreparada para lidar com crianças e adolescentes com deficiência e significa o cuidado junto a eles como \"aprendido na prática\", o que pode dificultar o alargamento das possibilidades de intervenção que a enfermeira pode empregar. Por fim, os conceitos que envolvem o processo saúde e doença foram identificados nesta investigação como fio condutor das significações de deficiência e das ações direcionadas às crianças e aos adolescentes relatadas nos discursos das enfermeiras. Portanto, a enfermeira beneficiar-se-ia de uma formação inicial ou permanente que possibilitasse a significação da saúde sob a perspectiva da promoção da saúde e dos determinantes sociais da saúde.