Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Perrota Bosch, Francesco Bruno |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-13062017-131543/
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Resumo: |
Tudo inicia com o verbete de um dicionário não convencional. A revista Documents, na qual se publicava o Dictionnaire Critique, era editada pelo escritor francês Georges Bataille quando ele escreveu sobre o informe: um termo que \"serve para desclassificar\"; um vocábulo que não existe para dar significado a determinadas coisas, mas para instigar \"tarefas\"; uma noção antagônica a toda \"sobrecasaca matemática\"; uma disrupção ao academicismo \"que geralmente demanda que cada coisa tenha sua forma\". Esta dissertação fundamenta-se na acepção batailliana, destrinchando nuances, revisitando múltiplas leituras feitas a posteriori, buscando compreender o verbete em meio a todo conjunto do Dicionário Crítico, e, por fim, aceitando a diversidade e as contradições da rede de relações que Bataille instituía. Alicerçado nesse verbete acerca do informe, estabeleço uma operação crítica de observação do mundo, a qual irradia uma série de questões para além daquelas enfrentadas à época pelo grupo surrealista da Documents. Informes, no plural, apresenta um campo de diálogo entre trabalhos artísticos, projetos arquitetônicos, obras literárias. A crise do ideal de forma não é unívoca. O informe lança uma ilimitada multiplicidade de questões; nesta dissertação, apresentam-se algumas delas em um labirinto que põe em contato o Partially Buried Woodshed de Robert Smithson, o Tent Pile do Formlessfinder, a Endless House de Frederick Kiesler, o apartamento de A Espuma dos Dias, o Gutter Corner Splash e as espirais de Richard Serra, a crise da arte como ciência europeia por Edmund Husserl, os Sacchi de Alberto Burri, o vão livre do Masp e o pré-artesanato nordestino pela ótica de Lina Bo Bardi, a Torsione de Giovanni Anselmo somada a tantos outros trabalhos da dita Arte Povera, o Monumento a Bataille de Thomas Hirschhorn, o Merzbau de Kurt Schwitters, o Vortex do Raumlabor, o empilhar de telhas de Wang Shu, a entropia que se ausenta em O ateliê vermelho de Henri Matisse, o estúdio de Rémy Zaugg projetado pelo Herzog & de Meuron, a Mesa de Nelson Felix, o Fun Palace de Cedric Price, o Granby Four Streets do Assemble, os inacabados prisioneiros de Michelangelo. Essa polifonia consubstancia-se nos dezenove ensaios que se seguem. Tal como uma entrada de dicionário, cada texto é autossuficiente; entretanto, suas questões ricocheteiam ao longo da dissertação. Inspirado no Dictionnaire Critique e no livro Formless: A User\'s Guide, de Yve-Alain Bois e Rosalind Krauss, faço um emaranhado de heterogêneas rela- ções a partir de diferentes autores, artistas, arquitetos. Não há uma mesma unidade nem métrica para os ensaios: as estruturas textuais são diversas, os tamanhos são distintos, e sua leitura também não se faz exigente em ordem sequencial.. Há uma metalinguagem entre o informe e o (não)formato deste Informes. O que se intenta é o enfrentamento às convenções, ao status quo, ao senso comum. Uma busca deste mestrando para não ver o mundo como conjunto de formas, as quais obrigatoriamente devamos nos enquadrar. Afinal, já dizia Bataille, \"o universo é algo como uma aranha ou um escarro\". |