Estudo de vírus oncolítico em modelo in vitro de glioblastoma desenvolvido em organoide cerebral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ferreira, Rodolfo Sanches
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41131/tde-22032023-180529/
Resumo: O câncer é uma das principais causas de morte no mundo, e os cânceres do sistema nervoso central (SNC), especificamente, possuem grande relevância clínica, uma vez que são responsáveis por altas taxas de morbidade e mortalidade. O glioblastoma (GBM), o glioma difuso adulto de pior prognóstico, é o tumor do SNC mais comum em adultos e causa milhares de mortes anualmente. Os tratamentos utilizados atualmente resultam numa sobrevida geral média de apenas 12 a 15 meses, um dado que enfatiza a necessidade de novas estratégias terapêuticas para o GBM. Recentemente, estudos constataram que o vírus da Zika (ZIKV) possui um efeito oncolítico relevante contra tumores do SNC, incluindo o GBM, porém dados adicionais a respeito de sua eficácia e segurança são necessários. O padrão histológico heterogêneo, a presença simultânea de diferentes tipos celulares e as múltiplas interações tumor-microambiente no GBM enfatizam a necessidade de modelos in vitro adequados para o estudo dessa neoplasia. A aplicação de modelos organoides humanos no estudo do câncer tem se mostrado uma estratégia valiosa para o teste de novas abordagens terapêuticas. Nesse contexto, o presente trabalho buscou avaliar o efeito oncolítico do ZIKV sobre diferentes linhagens de GBM, comparativamente a linhagens celulares de tumores embrionários do SNC, co-cultivadas com organoides cerebrais derivados de células-tronco, testando a seletividade viral entre células cerebrais normais e transformadas. Os organoides desenvolvidos apresentaram organização tecidual característica e composição celular similar a camadas do encéfalo em desenvolvimento. Os modelos híbridos de co-cultivo gerados forneceram um ambiente celular tridimensional que permitiu a interação de células tumorais com tecido neural. A adesão e a dispersão de células tumorais foram observadas já nas 72 horas iniciais de co-cultivo. Todas as linhagens tumorais utilizadas foram capazes de invadir o interior do tecido organoide dentro de duas semanas. A infecção pelo ZIKV de modelos co-cultivados levou à redução significativa da proporção de células tumorais em duas linhagens de GBM avaliadas, LN18 uma semana pós-infecção e U343-MG duas semanas pós-infecção, e na linhagem de Meduloblastoma USP13 duas semanas após a infecção. A produção de cópias virais foi significativamente maior nos organoides contendo células tumorais em comparação aos organoides controles isolados. Nossos achados enfatizam a aptidão de organoides cerebrais para o estudo de tumores do SNC in vitro. A aplicação do ZIKV no modelo de co-cultivo levou à infecção e replicação viral, causando um efeito oncolítico em células de GBM e Meduloblastoma. Estudos futuros em modelos in vitro e in vivo do GBM são necessários para explorar a capacidade anti-tumoral do ZIKV e auxiliar no desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas contra tumores agressivos do SNC.