Dizer do sofrimento na saúde mental: considerações psicanalíticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Leite, Patricia Burgos de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-12112019-172119/
Resumo: Intervenções junto aos usuários de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), contexto em que a pesquisadora psicanalista desenvolve sua prática, são operadas a partir de diferentes ancoragens éticas e modalidades discursivas. Este estudo tem como objetivos investigar, a partir do referencial psicanalítico, o uso da palavra sofrimento por uma equipe de saúde mental em suas práticas assistenciais e interrogar a respeito dos limites e alcances da psicanálise junto aos problemas apresentados. Procuramos aproximarmo-nos deste contexto de trabalho, discutir o termo sofrimento tal como incide nas práticas que ali se desenvolvem, verificar a relação entre o uso deste termo e os discursos presentes no campo da saúde mental e elaborar eventuais contribuições da psicanálise para o campo pesquisado. Para alcançar estes objetivos, caracterizamos o campo de trabalho, considerando suas especificidades e inserção em processo histórico mais geral, nos voltamos a publicações de outros psicanalistas sobre o sofrimento e abordamos como a palavra sofrimento vem sendo utilizada a partir da construção e análise de quatro situações clínico-institucionais. Para a análise destas situações, lançamos mão da teoria dos discursos proposta por Lacan em 1969. Pudemos localizar que o sofrimento nem sempre é abordado a partir de uma lógica discursiva clínica e que por vezes as ações operadas visam a normatização do que é considerado fora da ordem ou de parâmetros morais socialmente estabelecidos e localizados historicamente na cultura. Os desdobramentos das ações com frequência não respondem às expectativas da equipe ou ao que é escutado pela psicanalista como demanda de quem é atendido. Isso frustra a equipe e, em nossa leitura, gera efeitos de trabalho que não respondem aos desafios da clínica operada no CAPS e não se alinham com a orientação ética da psicanálise. A insistência, a frustração e a ineficácia clínica parecem ter relação com o não reconhecimento da dimensão impossível implicada nas operações discursivas que subjazem as práticas desenvolvidas. Um dos tratamentos possíveis para a experiência de trabalho de uma psicanalista em um CAPS diz respeito à sustentação do impossível em sua dimensão produtiva, uma vez que faz circular os discursos sobre o sofrimento e seus efeitos