Exílio íntimo: leitura da poesia de Dante Milano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Shiguehara, Alexandre Koji
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-20122016-143725/
Resumo: Amigo próximo de Manuel Bandeira, Aníbal Machado, Heitor Villa-Lobos e outros artistas eminentes do Modernismo brasileiro, Dante Milano (1899-1991) publicou seus poemas em livro apenas tardiamente, em 1948, sob o título de Poesias. Apesar do reconhecimento crítico imediato, sua obra permaneceu sempre, como ainda hoje, sendo lida por um público diminuto fato normalmente atribuído antes de tudo ao temperamento muito discreto do poeta. Mais do que repetir a constatação da injusta impopularidade de uma grande poesia, cabe a tarefa de qualificar a sua grandeza, sugerindo com isso certa singularidade da voz poética. Um aspecto forte de tal singularidade será certamente o feitio clássico predominante nos versos de Dante, a impressão de um equilíbrio harmônico a despeito da facilmente notável abundância de pares antitéticos nos poemas, como a treva e a luz, o concreto e o abstrato, o novo e o antigo. A atenuação dos contrastes particulariza na linguagem algo que se mostra fundamental para o próprio pensamento do poeta, a simultaneidade da atenção ao mundo material e da absorção em si mesmo que tende a interiorizar e a transfigurar os seres e as coisas. A resposta da poesia de Dante Milano à realidade do deslocamento do homem moderno parece compor-se nesse espaço intervalar cavado pela intimidade a qual, sem se evadir por completo da vida objetiva, não deixa de reconhecer em relação a ela um radical distanciamento, nomeado em certos poemas como o exílio. Manifesta-se a natureza íntima desse exílio poético na voz baixa, na serenidade de tom própria do poeta capaz de relativizar a dor e evitar a expressão do desespero por confiar na profundidade da instância subjetiva em que o canto se instaura e, discretamente, perdura.