Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Grutzmann, Lidiane Fatima |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-15092023-144450/
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Resumo: |
O presente estudo tem por objetivo perscrutar e problematizar nosso zeitgeist em busca de uma compreensão sobre o que se nomeia e configura atualmente sob os signos de crise e de democracia. É fato que um certo espectro de crise se encontra instalado sobre os mais diversos campos que definem nossa identidade democrática, tais como cidadania, política e educação, gerando colapsos e convulsões de várias naturezas. Após uma investigação, inspirada pelos pressupostos do artesanato intelectual, sobre as formas e usos do termo crise nas obras de Bauman e Morin, temos a descrição de um padrão recorrente de funcionamento dos sistemas em geral que não deveria gerar espanto ou preocupação excessiva. Essa perspectiva evoca a natureza dissensual e agonística da democracia, tal como defendida por Rancière e Mouffe, e reforçada pelo conceito de agonismo de Foucault. Destacamos especialmente a contribuição de Chantal Mouffe, em sua perspectiva pós-estruturalista da democracia radical, que propõe o agonismo como garantia de participação de todos no jogo democrático, sem implicar a supressão dos oponentes nem a anulação do próprio jogo. No entanto, na disputa pelo sentido de crise, nota-se um importante meandro forçado discursivamente para anular a democracia enquanto jogo das diferenças, isto é, restringir liberdades civis, restringir direitos e incentivar a violência contra supostos inimigos comuns, elementos estes matizadores de nosso zeitgeist. Nossa investigação aponta a ascensão de uma comunicação política salvacionista que utiliza a ideia de crise como assombro e perigo e que ameaça os processos democráticos que foram restabelecidos no final do século XX. Esta comunicação política aqui compreendida como desordem informacional assume um papel de destaque em um mapa geral das crises da democracia e é analisada pela chave interpretativa da agnotologia estudos sobre a produção social da ignorância, com especial destaque ao pesquisador Robert Proctor. A partir dos estudos agnotológicos, nosso primeiro artefato intelectual consiste em uma reflexão sobre a emergência do problema da ignorância nas ciências sociais e a urgente preocupação com a produção da ignorância em tempos de instabilidade política associada à alta tecnologia da informação. Fica claro que uma forma específica de ignorância, concebida, produzida e empregada como uma estratégia política, tem papel e responsabilidade no que se convencionou chamar de estado de crise. Essa ignorância se espalha pela educação por meio da adoção de um projeto neoliberal que desestabiliza as formas de transmissão do conhecimento. A partir destes achados, nos inspiramos em Ernest Bloch e Derrida para confecção de nosso segundo artefato: a indicação de algumas possibilidades políticas para uma educação viável em tempos de crise da democracia, sob a forma de sonhos diurnos: o primeiro, defende a radicalização da democracia por meio da politização da educação e da promoção da convivência plural e agonística; o segundo sonho promove uma associação entre a agnotologia e educação; e o terceiro sonho resgata o sentido da hospitalidade como valor fundamental em uma sociedade democrática. |