Efeito da imunoterapia com colágeno V no processo inflamatório e remodelamento do tecido sinovial na artrite experimental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silveira, Lizandre Keren Ramos da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5140/tde-22092023-162448/
Resumo: Recentemente, muitos autores demonstraram que a lesão tecidual e vascular decorrente de processos inflamatórios patológicos pode expor o colágeno V, proteína fibrilar localizada no interior das fibrilas de colágeno. Assim, pelas suas propriedades antigênicas, o colágeno V pode tornar-se um neoantígeno, quando exposto ao sistema imunológico, gerando autoimunidade em diversas enfermidades. Estudos prévios do nosso grupo, mostraram que ratos com inflamação articular induzida por albumina sérica bovina metilada (mBSA) e adjuvante completo de Freund, apresentam anticorpos anti-colágeno V. Ainda, a administração oral profilática com colágeno V, interferiu positivamente na modulação do processo inflamatório e remodelamento da sinóvia nos ratos com inflamação articular; entretanto, o efeito do colágeno V como imunoterápico ainda não é conhecido. No presente estudo, avaliamos o efeito da imunoterapia com colágeno V, após o estabelecimento da sinovite articular em modelo de artrite em ratos. Para isso, vinte e cinco ratos da linhagem Lewis, machos, três meses de idade, com média de peso de 360g foram divididos em três grupos: artrite induzida (AI, n=10), artrite tratada com colágeno V (AI-Col V, n=10) e controle com colágeno V (CT-Col V, n=5). A artrite foi induzida através de injeção intra-articular (ia) de mBSA e adjuvante completo de Freund no joelho direito, com reforços intra-articulares de mBSA no 7° e 14° dias. No 15º dia, após o período de indução, o grupo AI-Col V recebeu administração oral de 300 l de uma solução de 1,6g/l de colágeno V, três vezes por semana. No grupo CT-Col V foi injetado 20 l de solução salina (ia), e os animais receberam o mesmo protocolo de tratamento do grupo AI-Col V. Os grupos foram eutanasiados após 30 dias da primeira injeção. Foram avaliados o diâmetro articular, inflamação por PET/CT com [18F]FDG, expressão de CD3+, CD4+, CD8+, CD20+, FoxP3+, Caspase 3+ e IL-10+ e do colágeno dos tipos I, III e V, além da pesquisa de anticorpos anti-colágeno II e V no soro. Nossos resultados mostraram aumento no diâmetro articular em 7 e 14 dias nos grupos AI e AI-Col V e diminuição aos 30 dias. Ainda, não foi detectado diferença significativa da atividade metabólica celular entre os grupos AI-Col V e AI, após 30 dias. Morfologicamente, identificamos espessamento da membrana sinovial, presença de intenso infiltrado inflamatório no tecido sinovial do grupo AI; ao contrário, identificamos tênue diminuição de células inflamatórias, associadas ao depósito de colágeno no grupo AI-Col V. Nos grupos AI e AI-Col V, identificamos aumento de linfócitos T (CD3+, CD4+, CD8+), linfócitos B (CD20+) e macrófagos (CD68+) no tecido sinovial do joelho direito com indução de artrite, em relação ao joelho esquerdo. Ressaltamos, intenso infiltrado de linfócitos marcados duplamente para FoxP3+ e IL-10+ e, também, de linfócitos CD3+ com caspase 3+ no tecido sinovial do grupo AI-Col V, quando comparado ao tecido sinovial do grupo AI. Adicionalmente, o tecido sinovial do grupo AI-Col V apresentou diminuição da expressão de colágeno V nas regiões com intensa positividade para IL-10, quando comparado ao grupo AI. No grupo AI-Col V também identificamos um aumento significativo de colágeno I e diminuição de colágeno V, o que não foi observado para o colágeno III. Quanto à frequência de anticorpos no soro, encontramos anti-colágeno II, em 50% e 46,6% dos animais, respectivamente nos grupos AI e AI-Col V, e anti-colágeno V em 50% e 58,3% dos animais, respectivamente em AI e AI-Col V. Sabendo-se que a administração oral de colágeno V, aos 15 dias da indução da artrite em ratos, induziu aumento de linfócitos FoxP3+ com intensa produção de IL-10+, aliada ao aumento de colágeno I e diminuição de colágeno V, podemos concluir que o colágeno V tem efeito imunoterápico na artrite em ratos. Ainda, sugerimos que anticorpos anti-colágeno V poderiam ser utilizados como um biomarcador de evolução do processo inflamatório articular nesta enfermidade