Entre a magia da voz e a artesania da letra: o sagrado em Manoel de Barros e Mia Couto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Baseio, Maria Auxiliadora Fontana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-05122007-160327/
Resumo: Sabemos que a literatura assume contornos singulares nas franjas dos núcleos hegemônicos. Brasil e África são territórios marcados por uma profunda e complexa tensão entre elementos genuínos e elementos impostos pela colonização. Irmanar essas experiências fronteiriças é nossa tentativa neste tempo de mundialização. Esta tese analisa a dimensão do sagrado com base no estudo comparado de Manoel de Barros e Mia Couto. Compreendido como uma dimensão da existência, qualitativamente diferente da dimensão profana, embora nela manifestado, o sagrado participa do projeto estético e do projeto político dos dois autores, sendo elemento importante tanto para afirmar a identidade das duas culturas quanto para projetar um novo homem e uma nova forma de conhecimento para o século XXI. Tanto de maneira visível quanto camuflada, o sagrado compõe tanto a cultura tradicional quanto a moderna, revelando-se nas obras literárias dirigidas a adultos e a crianças. Por meio de suas fulgurações, tanto na poesia quanto na prosa, torna-se possível evidenciar raízes similares e marcas identitárias das duas culturas e das duas literaturas que compõem um macrossistema, no interior do qual nenhuma das literaturas afirma-se como paradigmática. A língua portuguesa é o instrumento com o qual Brasil e Moçambique fortalecem e irmanam suas experiências. Importa-nos, dentro do pensamento crítico, nas novas perspectivas de perceber o mundo como uma realidade de fronteiras múltiplas, buscar enlaçamentos nas sendas do comunitarismo cultural. Nosso desejo é criar laços de solidariedade passíveis de extrapolarem as fronteiras nacionais e atingirem o supranacional. Os elementos transcendentes com que o leitor entra em contato pela via do imaginário fertilizam sua experiência vivida, potencializando transformações no porvir. Acreditamos ser a literatura terreno fértil da cultura, chão de criar e de projetar o homem, instrumento catalisador da conscientização e da transformação humana.