Bivalves Permianos do Grupo Passa Dois, Bacia do Paraná, Brasil e do Grupo Ecca, Bacia do Karoo, África do Sul: implicações bioestratigráficas e paleoambientais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: David, Juliana Machado
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-03122014-103622/
Resumo: Durante o Paleozoico Tardio, grandes áreas do Gondwana Ocidental (Bacia do Paraná, América do Sul, bacias do Karoo e Huab, respectivamente África do Sul e Namíbia) foram recobertas por um vasto mar epicontinental isolado ou com conexão restrita com o Panthalassa. As faunas bentônicas marinhas que prosperaram neste mar eram dominadas por bivalves de infauna, os quais evoluíram associados a condições de isolamento geográfico extremo. As rochas permianas do Grupo Passa Dois, Brasil, juntamente com suas sucessões sedimentares correlatas no Uruguai, Paraguai e Argentina, apresentam o melhor registro fóssil desses bivalves. Embora estafauna tenha recebido atenção científica renovada na última década, vários aspectos de sua história evolutiva são ainda pouco compreendidos, pois o conhecimento taxonômico da fauna é incompleto e enviesado. De fato, os estudos relacionados à sistemática dos bivalves permianos do Grupo Passa Dois estão concentrados nas malacofaunas preservadas nasformações Teresina e Corumbataí. Adicionalmente, o primeiro registro de bivalves típicos do Permiano da Bacia do Paraná em rochas aflorantes fora da América do Sul, realizado por M.R. Cooper & B. Kenlsey no começo da década de 1980, era ainda questionável. Neste contexto, a presente pesquisa investigou três faunas distintas de bivalves permianos, com a finalidade de adicionar novas e relevantes informações taxonômicas para o entendimento da história evolutiva da malacofauna do Grupo Passa Dois: (a) a fauna de bivalves da Formação Waterford, Bacia do Karoo, África do Sul; (b) a fauna de bivalves dokm 44.6, rodovia PR-239, porção basal do Membro Serrinha, Formação Rio do Rasto, Bacia doParaná, Brasil; (c) a fauna de bivalves da região de Tiaraju, Formação Teresina, Bacia do Paraná, Brasil. De acordo com os resultados obtidos, as espécies identificadas nafauna de bivalves da Formação Waterford não podem ser fielmente atribuídas a nenhum táxon permiano da Bacia do Paraná (Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai). A assembleia sul-africana é pouco diversificada e aparenta constituir uma variante regional daquela encontrada na Bacia do Paraná, possuindo igualmente seus elementos próprios e endêmicos (ao menos três gêneros diferentes). Dessa maneira, a biocorrelação entre aassembleia da Formação Waterford, com aquelas encontradas nas biozonas de bivalves doGrupo Passa Dois, não pode ser seguramente confirmada. A assembleia de bivalves daporção basal do Membro Serrinha, Formação Rio do Rasto, inclui a presença das espécies Terraia curvata, Terraia bipleura, Asterlopsis prosoclina, Beurlenella elongatella, Leinzia curtae Cowperesia emerita. Este intervalo estratigráfico corresponde à nova biozona de Terraia curvata, situada entre as biozonas de Pinzonella neotropicae Leinzia similis. Adicionalmente, esta assembleia de bivalves provavelmente representa o registro de uma mudança faunística na história geológica dos bivalves do Grupo Passa Dois, Bacia do Paraná, com o predomínio dos carditideos sobre os pachidomídeos (=megadesmídeos). A revisão sistemática da fauna de bivalves de Tiaraju revelou a presença de Terraia falconeri, Terraia altissima, Holdhausiella elongata eCowperesia emerita.O posicionamento desta assembleia de bivalves no quadro bioestratigráfico referentes à biozonas de bivalves do Grupo Passa Dois ainda é questionável, uma vez que os resultados apresentados neste documento reúnem espécies de bivalves que comumente não são encontrados em uma mesma assembleia. Adicionalmente, a ocorrência da fauna de Tiaraju sugere evidências de que durante certos tempos na história geológica da Bacia do Paraná, as espécies de bivalves não se encontravam geograficamente restritas a certas áreas dentro dela. Por fim, tanto esta fauna, quanto a assembleia de bivalves da porção basal do Membro Serrinha, indicam uma biocorrelação com a Formação Gai-As do Permiano da Namibia, sugerindo para estes depósitos sedimentares da Bacia do Paraná uma idade cujo limite seria o Meso Permiano (Wordiano-Capitaniano).