Planos de \"humanização\" para Curitiba: remodelação urbana e imobiliária da metrópole

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Benvenutti, Alexandre Fabiano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-01092016-151927/
Resumo: O planejamento urbano de Curitiba consolidou-se como \"modelo\" de intervenção para grandes centros. A premissa é de que esse reconhecimento ocorreu em razão das propostas articularem questões como desenvolvimento urbano, meio ambiente, valorização do espaço público, identidade urbana, patrimônio histórico, respeito à escala da cidade e melhoria da qualidade de vida aos usuários e moradores da cidade. Ao longo da década de 1970 e nos primeiros anos de 1980 foram realizados importantes projetos urbanos que marcaram a paisagem e definiram a expansão e o crescimento da cidade, como: a implantação dos eixos estruturais e do sistema de transporte de massa, abertura de grandes avenidas, melhoramento dos logradouros, criação de áreas exclusivas para pedestres, \"revitalização\" da área central, instituição do \"Setor Histórico\", inauguração da Cidade Industrial, implantação de grandes parques públicos e ampliação das áreas verdes; bem como a definição de novos e rígidos parâmetros de uso e ocupação do solo, entre outros. Esse conjunto de intervenção também foi denominado e apresentado à sociedade como um processo de \"humanização\" da cidade, proporcionando qualidades funcionais e estéticas consideradas \"indispensáveis\" ao desenvolvimento \"ordenado\" de uma metrópole. A correlação desses fatores distinguiu Curitiba das demais experiências urbanas até então postas em prática no país e, mais notadamente, daquela realizada na Capital Federal na década de 1960. As propostas elaboradas pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC, Prefeitura Municipal de Curitiba e pelo Estado, seriam reverenciadas e perseguidas por inúmeras cidades nas décadas seguintes, o que, na visão técnica, atestaria sua expressão de \"vanguarda\". Porém, pesquisas e abordagens investigativas desenvolvidas por diversas áreas do conhecimento, possibilitaram novas percepções sobre o contexto, evidenciando dificuldades da cidade em aplacar suas contradições, desigualdades espaciais e problemas ambientais e urbanos. A presente tese está centrada nos planos e projetos elaborados e implantados sob o discurso e a ideia da \"humanização\" da cidade, compreendendo o período de 1970 a 1983, analisando as relações entre transformações espaciais, infraestrutura, desenvolvimento urbano e imobiliário, bem com as correlações dessas propostas com as expectativas da população. A hipótese salienta que a proposta de \"humanização\" da cidade obteve, sim, o seu êxito, pois disponibilizou infraestrutura e novos espaços que contribuíram à melhoria da qualidade de vida da população. Contudo, esse processo foi desenvolvido dentro do âmbito da produção imobiliária de mercado, com vistas à potencialização do espaço-mercadoria; fato que, por si mesmo, inviabilizou a amenização das diferenças espaciais e sociais, além de opor-se ao direito ao espaço como valor de uso. Nessa perspectiva, as remodelações urbanas também representaram a implantação das condições gerais necessárias à produção imobiliária de mercado visando a acumulação de capital e, ao mesmo tempo, a imposição de um modelo de espaço diferenciado para ser consumido, acessível apenas aqueles dispostos ou em condições de pagarem pelo seu usufruto.