Resumo: |
INTRODUÇÃO: A dor pélvica crônica (DPC) é uma condição comum, de etiologia complexa e pouco compreendida. Há evidências de que o sistema musculoesquelético possa estar comprometido, embora estudos que avaliem o padrão de movimento deste grupo ainda sejam escassos. OBJETIVO: Avaliar objetivamente a marcha de mulheres com DPC através de variáveis cinemáticas e espaço-temporais, e verificar possíveis correlações das alterações encontradas. MÉTODOS: Estudo de coorte transversal, incluindo 20 mulheres com diagnóstico de DPC, que foram recrutadas no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, e 20 voluntárias saudáveis (grupo controle). Utilizou-se a análise de marcha tridimensional para obtenção dos dados referentes à amplitude de movimento, arco de movimento, momento e potência dos segmentos de pelve, quadril, joelho, tornozelo e pé, além de variáveis espaço-temporais. O teste não paramétrico de Mann-Whitney foi aplicado para comparar a distribuição dos grupos em relação às variáveis quantitativas, e a correlação de Spearman foi utilizada entre as variáveis que apresentaram diferença significativa e as variáveis com tampa, escala visual analógica (EVA), tempo de dor, escala de medida de ansiedade e depressão (HAD) e índice McGill de dor (McGill). RESULTADOS: Mulheres com DPC apresentaram alterações na marcha quando comparadas ao grupo controle. As variáveis cinemáticas comprometidas foram: momento de extensão, flexão e rotação interna de quadril; flexão, extensão, rotação interna e externa de joelho; dorsiflexão e adução de tornozelo e rotação interna e externa de pé; potência de quadril e tornozelo; amplitude de movimento de desvio valgo e varo de joelho, dorsiflexão e flexão plantar de tornozelo e arco de movimento de flexão à extensão de joelho e de dorsiflexão à flexão plantar de tornozelo. Já as variáveis espaço-temporais alteradas foram: velocidade da marcha, comprimento da perna e do passo. Notamos ocorrência de correlação eventual, mas não sistemática. CONCLUSÃO: Mulheres com DPC apresentam alterações na marcha quando comparadas a mulheres saudáveis, sendo que as mais expressivas referem-se às variáveis cinemáticas e espaçotemporais. Notamos correlações eventuais, mas não sistemáticas em nossa amostra. Estes achados sugerem a necessidade de uma avaliação mais detalhada, para que se obtenha melhores diagnósticos e tratamentos mais eficazes. |
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