Disposições culturais e analfabetismo no Brasil: histórias de exclusão educacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Pupo, Vanessa de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-10082011-133529/
Resumo: No entender do sociólogo francês Pierre Bourdieu, disposições culturais vêm a ser um conjunto de regras, incorporadas de maneira inconsciente pelos indivíduos, as quais perpassam os domínios éticos, estéticos, cognitivos e físicos. Como exemplo, podem ser citadas as disposições linguísticas, sexuais, religiosas e estéticas, que contém a nossa visão de mundo e o nosso posicionamento nele. As disposições produzem nossa visão de mundo e condicionam nossas tomadas de posição. Tais disposições são adquiridas através das experiências de vida e em instituições constituídas em nossa sociedade como a família e a escola. Embora não haja escritos específicos de Bourdieu com relação à Educação de Jovens e Adultos (EJA), acreditamos que as disposições culturais incorporadas acabam por ser fundamentais para influenciar a exclusão de um grande contingente de estudantes dos bancos escolares quando ainda são crianças, bem como consolidar trajetórias sociais desprovidas de escolaridade institucionalizada. Na presente dissertação procura-se investigar os condicionantes que determinaram o fracasso escolar e, supostamente, social, de um conjunto de jovens e adultos inseridos em salas de alfabetização das escolas municipais de Piracicaba, estado de São Paulo. Observa-se que a grande maioria dos pesquisados é proveniente de zonas rurais de distintos municípios da região e que mantinham situações de existência divergentes da ideologia urbana propagada nas escolas formais de ensino fundamental em meados da segunda metade do século XX. Entendemos ser relevante o estudo do tema proposto, uma vez que a EJA surge em decorrência de um sistema social e escolar excludente que, através de sua ação pedagógica, modificou a trajetória de milhares de pessoas que buscam em tempos atuais o que não conseguiram na infância. Contudo, a escolarização é apenas uma das relações sociais das quais essas pessoas estão excluídas. Há o aprofundamento de uma exclusão marcada pela desigualdade. Por outro lado, a escola também pode ser considerada espaço de contradição e de superação das desigualdades sociais. Assim, a EJA pode representar subversão à lógica da exclusão, uma vez que historicamente a despossessão do capital escolar é presente nessas pessoas, e a procura pela escolarização na fase adulta pode representar uma forma de resistência.