Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Pizzimenti, Enzo Cleto |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-26112024-184951/
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Resumo: |
A presente pesquisa tem como proposta elaborar os efeitos do ato de Lacan de não recuar diante das psicoses sobre o tratamento dado a essas e à loucura, tanto no consultório, quanto nas instituições; no peso atribuído ao Eu e à identificação na formação psicanalítica; e, por fim, de maneira mais abrangente, sobre a posição franqueada para a Psicanálise nos debates ligados ao lugar da loucura e dos psicanalistas na Cultura, especialmente no diálogo com o campo da Saúde Mental, sobretudo nas proposições de Franco Basaglia. Para esse fim, realizamos um retorno à obra lacaniana, marcadamente aos escritos publicados entre 1932 e 1965, a fim de elaborar uma possível relação entre os impasses que encontrou na Psicanálise quanto ao tratamento das psicoses e o trabalho realizado no sentido de estabelecer bases rigorosas para que a Psicanálise pudesse articular a questão do sujeito, a partir do campo da linguagem. Tal proposta partiu da hipótese de que as psicoses e o modo como Lacan se propôs ao estabelecimento de um tratamento possível para essas, o levaram à fundamental proposição de um trabalho sobre a questão do sujeito a partir do saber psicanalítico. Em 1960 Lacan apresentou à comunidade psicanalítica três determinantes que justificaram o seu trabalho junto à questão do sujeito: carência teórica; abuso na transmissão da Psicanálise e ausência total de um status científico para esta. Tais determinantes articulam os três impossíveis situados por Freud que as psicoses, mais do que quaisquer outras manifestações clínicas, têm a capacidade de potencializar. Sabe-se que as psicoses geram problema no social, na medida em que colocam em questão a natureza daquilo que nos é vendido como comum. Ora, a Psicanálise, diante da evidenciação de tal problema, não pode operar pela via da redução deste a partir de um tratamento que vise a adequar as psicoses àquilo que as neuroses têm de pior: a tendência a aceitar e docilizar-se. Nessa direção, argumentamos que a alternativa proposta por Lacan à política institucional realizada na IPA, que mantinha como orientação a identificação ao Eu do analista, está diretamente relacionada com a possibilidade que teve de assumir uma outra posição frente aos impasses das psicoses, tendo na questão do sujeito seu ponto de sustentação. É nesta medida que gostaríamos de propor que o tratamento das psicoses pode ser tomado como uma das possíveis carências conceituais encontradas por Lacan que o levaram tanto ao retorno a Freud, quanto à inclusão da questão do sujeito no cerne da Psicanálise, na medida em que Lacan precisou de tal conceito para avançar ali onde nem Freud, nem Basaglia ousaram andar. Sustentamos que Lacan, ao acompanhar Freud em seu vaivém entre recusa e reconhecimento, do fracasso da função sintética do Eu à Ichspaltung, vislumbrou se delinear o intervalo desde o qual, o eu, como sujeito, pôde advir. Assim, se Viganò propôs um Lacan intérprete do desejo de Basaglia, no gesto de reposicionamento da loucura como limite da liberdade humana, propomos que, diante da crise oriunda da Spaltung de Freud, isto é, dos limites relativos ao Eu em sua teoria e na clínica, Lacan ousou sustentar a questão, investindo na divisão do sujeito pelo qual se estrutura a subjetividade. Ao trabalhar com a estrutura forjada por Lacan, a partir das três determinantes apresentadas por este, propomos elaborar o modo com que a questão do sujeito opera em cada uma delas. Tal percurso nos permitiu estabelecer de que modo compreendemos a indissociabilidade do que da clínica advém como questão, com suas perspectivas e limites, daquilo que atravessa a formação do psicanalista e da construção de uma posição possível para a Psicanálise no debate científico, por conseguinte, no horizonte subjetivo de nosso tempo. |