Acompanhamento terapêutico e psicose: um articulador do real, simbólico e imaginário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Hermann, Mauricio Castejon
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-01122009-105523/
Resumo: Esta tese de doutorado problematiza a função clínica do Acompanhamento Terapêutico (AT) com pacientes psicóticos a partir do pensamento de Sigmund Freud e Jacques Lacan. Seu ponto de partida é a caracterização do AT por meio de alguns recortes das experiências institucionais de substituição dos manicômios (comunidades terapêuticas da Inglaterra, psiquiatria democrática italiana e psicoterapia institucional francesa), no intuito de caracterizar a função clínica do AT, função cuja contribuição para a reforma brasileira consiste em promover uma clínica de circulação do psicótico pela cidade. Em seguida, há dois capítulos teóricos nos quais se revêem o modo como Freud abordou a psicose e a releitura que Lacan faz dessa abordagem de Freud. Esses capítulos circunscrevem uma primeira indicação clínica para o tratamento possível das psicoses, no caso, a escuta do delírio na função de secretário do alienado. Essa indicação clínica será pertinente para que se possam trabalhar questões específicas da função clínica do AT, tais como: a de esta ser uma estratégia privilegiada para a instalação do dispositivo de tratamento e a do procedimento ético denominado olhar em rede procedimento que acompanha os tempos do sujeito em seu percurso clínico. Quanto à instalação do dispositivo de tratamento, sabe-se que alguns pacientes, em crise e com um sofrimento brutal, encaram o outro como alguém aterrorizante, o que impõe desafios na hora de o acompanhante terapêutico manejar a transferência e respeitar os tempos do sujeito (na crise quando um outro é o perseguidor até a condição da erotomania) para a instalação do dispositivo de tratamento. Quanto à questão do olhar em rede, propõe-se problematizá-lo desde suas raízes institucionais até seu uso no AT, ao analisar a criação do AT em uma montagem institucional, além de inúmeras passagens clínicas, nas quais o sujeito é sempre considerado na perspectiva ética da psicanálise. O olhar em rede é de grande valia para a construção de um projeto terapêutico para o AT. Em seguida, apresenta-se outro capítulo teórico no qual será abordada uma segunda indicação clínica oriunda do pensamento de Lacan, a teoria dos nós borromeanos e a construção do sinthoma. O sinthoma, com th, assume uma função de amarração dos três registros o real, o simbólico e o imaginário e é considerado o quarto elemento da cadeia, o Nome-do-Pai. Na psicose, porém, esse quarto elemento é foracluído, o que convoca o sujeito a construir suplências possíveis ao Nome-do-Pai ou construir o próprio sinthoma. Finalmente, definimos outra função clínica do AT, ou seja, sua contribuição para a construção do sinthoma, função que desemboca em uma ArTiculação dos três registros referidos. O AT, portanto, assume um estatuto psicanalítico, na medida em que propicia ao sujeito psicótico construir uma suplência favorável a sua aproximação ao laço social, o que permite concluir que o AT é uma estratégia importante para o tratamento possível das psicoses.