Quem é o comedor restritivo?: Modelos teóricos segundo variáveis do comportamento alimentar e a influência de redes sociais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Moraes, César Henrique de Carvalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-21032024-171526/
Resumo: Introdução: O comer restritivo é relacionado à importantes questões de saúde pública, como obesidade e transtornos alimentares devido às relações com peso corporal; mas há divergência quanto a sua definição e variáveis relacionadas e são sugeridas particularidades para mulheres e homens em relação aos aspectos da imagem corporal, comportamento alimentar e susceptibilidade destes componentes à influência de redes sociais. Objetivo: Avaliar o comer restritivo e seus componentes [descontrole alimentar (DA), restrição cognitiva (RC) e comer emocional (CE)] em modelos teóricos que incluam insatisfação corporal, autoestima, índice de massa corporal e a influência da observação de perfis no Instagram® do tipo \"fitness\" entre mulheres e homens. Métodos: A partir de desenho experimental online (observação dos perfis de Instagram®), a pesquisa foi dividida em 3 etapas: 1) desenho intra sujeitos que utilizou análises de variância (ANOVAs) com medidas repetidas e covariáveis para comparar mulheres (vs. homens), que observaram perfis fitness no Instagram® (vs. perfis controle), antes (vs. após a intervenção) - distribuídos randomicamente entre os grupos respeitando sexo. A etapa avaliou o interesse por comidas indulgentes (versus não indulgentes) antes e após a intervenção experimental; 2) modelos de regressão linear múltipla para identificar a influência dos grupos experimentais (mulheres que observaram perfis fitness x perfis controle x homens que observaram perfis fitness x perfis controle), da insatisfação corporal, do comportamento de comer transtornado (CCT), da baixa autoestima, idade, renda, índice de massa corporal (IMC) e nível subjetivo de fome sobre os componentes do comer restritivo; 3) proposta de modelo teórico para o comer restritivo e componentes explicados pela insatisfação corporal e moderadores ou mediadores da relação: comportamento de comer transtornado, autoestima, IMC, nível subjetivo de fome e tipo de perfis de Instagram® observado (fitness x controle) por modelagem por equações estruturais (MEE). Resultados: A etapa 1 demonstrou que apenas os homens (H), apresentaram maior interesse por imagens de comidas doces e indulgentes após a observação de perfis fitness no Instagram® (p=0,04, d=0,45) e que tanto mulheres (M) como H apresentaram maior interesse por imagens de comidas doces e não indulgentes após observarem perfis fitness no Instagram® (M: p=0,001, d=0,68; H: p=0,001, d=0,67). A etapa 2 demonstrou que independentemente do perfil de Instagram® observado, mulheres apresentaram maior pontuação para DA, RC e CE. E para todos, a insatisfação corporal foi a variável mais explicativa [DE: &beta; = 0,25, p&le;0,001; RC: &beta;= 0,26, p&le;0,001; e CE: &beta;= 0,29, p&le;0,001]. A etapa 3 revelou que entre a amostra de homens, o poder da teoria foi maior considerando a relação entre a insatisfação com a musculatura (e não para insatisfação geral com o corpo). O modelo para toda a amostra [CMIN =2,13, CFI=0,96, TLI = 0,94, RMSEA (90% IC) =0,06 (0,032-0,090)], apontou que entre as mulheres houve relações significativamente mais fortes entre insatisfação corporal total e comer restritivo (&lambda;=0,54, p<0,001), IMC (&lambda;= 0,28, p<0,001) e CCT (&lambda;= 0,31, p<0,001) e relação significativa entre CCT e comer restritivo (&lambda;=0,21, p<0,01). Porém houve relação significativamente mais forte para os homens entre IMC e comer restritivo (&lambda;= 0,41, p<0,001). Houve moderação das outras variáveis do modelo na relação entre insatisfação corporal total e comer restrito. No entanto, para mulheres a presença das variáveis diminuiu a intensidade desta relação, ao passo que para homens a presença destas variáveis intensificou a relação. O comer emocional para mulheres e homens foi o constituinte mais relevante do comer restritivo nesta análise (M: &lambda;=0,90, p<0,001; H: &lambda;=0,87, p<0,001). Não houve influência dos tipos de perfis de Instagram® nesta etapa. Conclusão: O comedor restritivo foi melhor representado pelas mulheres, e cada sexo apresentou particularidades. Entre as mulheres a insatisfação corporal exerceu influência mais forte sobre o comer restritivo, principalmente afetando o comer emocional. Entre os homens a relação entre o aumento do IMC e maiores pontuações para comer restritivo foi a mais evidente, residindo na insatisfação corporal ligada à musculatura o principal elemento que explicou do comer restritivo entre eles. A autoestima não se revelou um moderador de destaque das relações estudadas e apesar da observação dos perfis fitness ter aumentado o interesse de M e H por imagens de comidas não indulgentes, mas não foi capaz de influenciar atributos duradouros dos indivíduos, como os avaliados nas variáveis pertencentes aos modelos teóricos propostos.