Hemorragia digestiva alta por hipertensão portal em crianças: descrição e análise dos atendimentos em Emergência Pediátrica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Bello, Fernanda Paixão Silveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-30082021-113803/
Resumo: Introdução:Existem poucos dados epidemiológicos sobre hemorragia digestiva alta (HDA) em crianças, porém as varizes esofágicas decorrentes de hipertensão portal são apontadas como uma das principais causas de sangramentos maciços. O foco inicial do tratamento é a estabilização hemodinâmica com reposição volêmica, administração de hemoderivados de acordo com a necessidade de cada paciente, antibioticoterapia profilática, além do uso de vasoconstrictores esplâncnicos e após a estabilização inicial, deve-se procurar o diagnóstico etiológico e tratamento endoscópico do sangramento. Atualmente as diretrizes, baseadas apenas em opinião de especialistas orientam a realização de endoscopia digestiva alta (EDA), em adultos e crianças, o mais rapidamente possível dentro de no máximo 12 horas após admissão em serviço de emergência para o paciente com HDA com importante repercussão clínica, entretanto as indicações para a endoscopia precoce em crianças não são bem estabelecidas e padronizadas.Objetivos:1)Descrever as características dos atendimentos/internações no pronto socorro do ICR-HCFMUSP dos pacientes pediátricos portadores de hipertensão portal com queixa de hemorragia digestiva alta. 2)Avaliar as características e achados das endoscopias digestivas altas por HDA em pacientes pediátricos portadores de hipertensão portal solicitadas no pronto socorro do ICR-HCFMUSP 3) Comparar o tempo de realização de endoscopia com os desfechos clínicos, laboratoriais, óbito e recorrência de sangramento.Métodos: Trata-se de estudo de coorte retrospectivo de análise de prontuários de pacientes admitidos em um hospital terciário com quadro de HDA devido a hipertensão portal no período de janeiro de 2010 a julho de 2017.Resultados:Foram identificados 98 atendimentos por HDA em 73 pacientes. Observou-se que 64% desses pacientes tinham como doença de base associada atresia das vias biliares extra-hepática ou obstrução extra-hepática de veia porta. Episódios de recorrência de sangramento ocorreram em 8/98(8%) dos atendimentos e foram observados 9 óbitos. Durante o período estudado, hemoderivados foram utilizados em 62% dos atendimentos/internações e vasoconstrictores esplâncnicos em 93% dos atendimentos/internações sendo que sua introdução ocorreu na primeira hora em 42% desses episódios. Em 92(94%) atendimentos foram realizadas EDAs, sendo 58% (53) em até 12h após a entrada (EDA precoce) e 42% (39) após 12h. Os locais de sangramento mais observados foram varizes esofágicas seguidas de gastropatia hipertensiva. Em 50% das EDAs houve a realização de escleroterapia ou ligadura elástica. Entretanto, não houve diferença na realização desses procedimentos nas EDAs precoces comparadas com as realizadas após 12 horas (20/53 vs 20/39; p=20). Não foram encontradas associações estatisticamente significantes entre EDA precoce e os desfechos: óbito e recorrência de sangramento; história/queixas da apresentação inicial, doença hepática crônica, tempo de HDA, dados laboratoriais de entrada ou manejo inicial. No modelo de regressão logística multivariada apenas a realização de procedimento manteve tendência de associação negativa com realização de EDA precoce (OR= 0,4; IC95%: 0,2- 1,0);p=0,046).Conclusão:Esse estudo sugere que em pacientes pediátricos portadores de hipertensão portal na vigência de HDA, a endoscopia pode ser realizada após 12 horas sem prejuízo ao paciente, facilitando a melhor estabilização/tratamento inicial clínico e otimização dos recursos Upper