Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Santos, Renato Xavier dos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-19062023-161421/
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Resumo: |
Se convencionou contar a história do campo das Relações Internacionais a partir do primeiro debate entre realistas e idealistas e que a disciplina surgiu com o propósito de evitar os horrores da guerra. A história reiteradamente descrita pelo mainstream acadêmico da área apagou durante muitas décadas temas que estavam fervilhando tanto no debate público quanto no debate acadêmico, entre os quais, imperialismo e colonialismo. Estudos revisionistas da história intelectual do campo apontam para contradições na história oficial e, ainda mais preocupante, revelam silêncios ensurdecedores acerca da contribuição do pensamento negro para o campo nascente. No início do século XX, muito antes do debate entre realistas e idealistas, intelectuais negros, entre eles, W.E.B Du Bois e Alain Locke, se debruçavam sobre a questão internacional e denunciavam o caráter racial das RI. No começo do século significavam, em verdade, relações raciais, resultado da corrida imperial e do colonialismo que tomava conta da polícia externa das grandes potências. Preocupados com o imperialismo, os primeiros textos dos liberais do campo, ao contrário dos intelectuais negros, procuravam desenvolver uma ciência do internacional que fosse capaz de garantir a manutenção do status quo da ordem global imperialista. Nesse contexto, o primeiro impulso da autonomia do campo de RI foi a criação de uma agenda de pesquisa chamada administração colonial. Diante desse quadro geral de um campo nascente voltado para a melhor acomodação do imperialismo, de um lado, e intelectuais negros produzindo diagnósticos que apontavam para a questão racial no centro da política internacional, de outro, uma pergunta persiste: por que raça foi silenciada em RI? O objetivo do trabalho está em evidenciar em que medida o pensamento negro internacionalista é caracterizado como um movimento/deslocamento contra-hegemônico. A branquitude forjou um campo reflexo das suas próprias demandas, fixando significados e teorias que privilegiavam categorias e epistemologias racializadas, desde a anarquia (central no sistema internacional de Estados) até questões de equilíbrio de poder (entre as potências brancas) e a natureza humana (uma sociedade hipotética que representava a identidade negativa da branquitude). A questão racial na disciplina foi relegada à um problema de cunho moral e, portanto, doméstico. O pensamento negro internacionalista se apresenta como um movimento contra-hegemônico, desafiando a hegemonia branca e propondo uma ordem global racialmente inclusiva. Isso busca estabelecer um campo plural e democrático, agregando diferentes perspectivas. |