\'A fundação do Acre\': um estudo sobre comemorações cívicas e abusos da história

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Carneiro, Eduardo de Araújo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-15012015-174321/
Resumo: Esta tese analisa tanto o papel político e simbólico das comemorações de efemérides relacionadas à anexação do Acre ao Brasil, quanto a veracidade das narrativas de eventos históricos divulgadas por ocasião dessas festividades. No Mundo Ocidental, desde a Antiguidade até os nossos dias, se tornou comum a utilização do discurso epopeico em festas cívicas. Dessa forma, o fenômeno comemorativo no Acre foi estudado como parte dessa tradição milenar. A releitura da formação histórica do Acre levou em consideração a inserção dessa região amazônica à cadeia mercantil da economia-mundo capitalista ocorrida na segunda metade do século XIX. As informações sobre o Acre foram obtidas em jornais, documentos e livros encontrados nos acervos da Biblioteca Nacional (RJ), do Museu da Borracha (AC) e do Departamento de Patrimônio Histórico do Acre (DPHAC). Aquelas sobre festas cívicas no Mundo Ocidental foram conseguidas por meio de consulta bibliográfica no acervo da Biblioteca Florestan Fernandes (FFLCH/USP). A pesquisa teve caráter exploratório com predominância do método qualitativo. Uma das conclusões parciais a que se chegou foi que as festas cívicas no Acre desempenharam o mesmo papel político que há anos elas cumprem no Mundo Ocidental, qual seja, o de forjar identidades, provocar ufanismo, promover coesão social, disseminar valores e tradições, legitimar o tempo presente, validar uma dada versão do passado, dentre outros. Quanto à narrativa epopeica da história do Acre apresentada pelos promotores das comemorações cívicas, o conceito a que se chegou dela, conforme as propostas analíticas da história anticomemorativa formuladas por alguns historiadores contemporâneos como Pierre Nora, é que ela é desonesta, irresponsável e abusiva. Isso porque reproduz uma representação do passado que não condiz em todo ou em parte com a realidade dos fatos históricos a que se refere e porque sempre esteve comprometida com as causas e os interesses do status quo acriano