Prática corporal, gênero e feminismo: a dança do ventre como lócus de pensamento, ação e reflexão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silveira, Marília Balbi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100139/tde-22032019-014642/
Resumo: Ainda que escassa nos idiomas ocidentais, a literatura sobre dança do ventre tende à unanimidade ao tratar dessa prática artística como algo bastante antigo e de difícil acesso aos registros iniciais. O que é comum aos registros é a descrição da dança do ventre como uma espécie de ritual feminino em adoração às divindades e à celebração da prosperidade. No entanto, ainda quando a dança do ventre é considerada como prática corporal, com objetivos definidos para além da sua perspectiva artística, recai sobre ela uma visão preconceituosa sobre seus movimentos corporais e seu figurino, que não parece condizer com os objetivos ritualísticos e sagrados. Talvez isso se dê por uma tradução ou uso descontextualizado dessa prática, algo similar ao que pode ocorrer com as artes marciais ou mesmo com prática com origem também ritualística ou devocional, como diversas formas de meditação e o yoga. No caso da dança do ventre, como em outras artes, os registros e disseminação da prática foram feitos por homens que, neste caso, não dançam. Desta forma, todo registro passa por filtros do olhar e interpretação do masculino, o que pode alterar o modo como a prática é compreendida, vivida e projetada. Na tentativa de compreender a origem histórica dos sentidos da Dança do Ventre, e entender como os atravessamentos da cultura, da religião, de gênero e do pensamento capitalista foram transformando essa prática em um tipo de produto, foram entrevistadas quatro dançarinas profissionais de dança do ventre. A escolha destas mulheres foi o reflexo da preocupação em traduzir os valores mais ancestrais desta dança e, portanto, o convite à participarem da pesquisa foi pautado no conhecimento e trajetória delas com a dança, sendo o principal aspecto o seu comprometimento com os estudos e suas atuações profissionais. O método, qualitativo por excelência, foi operacionalizado por uma entrevista e análise compreensivas. Das conversas, diálogos mediados por um roteiro de conversação, surgiram temáticas como: a conexão e competição entre mulheres, a objetificação do corpo, o show de dança do ventre e os rituais e celebrações, que se constituíram eixos temáticos que organizam os capítulos do trabalhos. Todo conhecimento produzido é resultado da tessitura das falas das entrevistadas com as teorias nos campos dos estudos feministas e da dança do ventre. É evidenciado na pesquisa que a dança sofreu distorção na sua utilização, e como em outras várias manifestações de expressão e de fortalecimento do coletivo feminino, a desvalorização foi parte de um projeto maior de controle e organização da sociedade, que teve como resultado o controle do corpo e das relações sociais