Maternidade negra em Um defeito de cor: história, corpo e nacionalismo como questões literárias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Fabiana Carneiro da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-28032018-104918/
Resumo: Esta tese realiza uma análise do romance Um defeito de cor (2006), de Ana Maria Gonçalves, sublinhando os aspectos formais do texto e indicando como eles acionam problematizações urgentes para a crítica literária produzida no Brasil. Os procedimentos estéticos com que a representação em primeira pessoa é realizada na obra são concebidos como chave para vincular a literatura às narrativas historiográficas, sobretudo aquelas produzidas pela História Social da Escravidão, dando a ver como a obra de Gonçalves se vale da encruzilhada epistêmica entre ficção e realidade. Propõe-se, assim, que a carta configurada na obra, por meio da qual se constrói a enunciação de uma mãe africana que relata sua trajetória de vida, e nela as constrições ao exercício da maternidade ao longo do século XIX no Brasil e na África, performatiza uma corporalidade negra, convocando a crítica contemporânea a realizar o desrecalque do corpo negro de sua discursividade. Como desdobramento dessa proposição, o trabalho contrapõe a narradora Kehinde, elaborada a partir de um foco narrativo complexo, à figura estereotipada da mãe preta, presente de reiteradas maneiras no cânone literário nacional. Visibilizam-se com essa estratégia os mecanismos simbólicos de interdição do reconhecimento da ascendência africana no/do Brasil pelo discurso nacionalista, ao mesmo tempo em que se reflete sobre as possibilidades de encenação e disrupção desse construto ideológico pelo romance de Gonçalves.