Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Santos, Cinthia Montibeller |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-08052019-111958/
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Resumo: |
A fragmentação e a perda de habitat são atualmente as principais ameaças à biodiversidade e funcionamento dos ecossistemas florestais. Em florestas tropicais fragmentadas e degradadas, tem sido observado um aumento na densidade, biomassa e na produtividade das comunidades de trepadeiras. Trepadeiras competem com árvores por recursos acima e abaixo do solo, e quando estão hiperabundantes podem alterar a estrutura e composição de espécies dos fragmentos florestais, bem como pode representar um filtro ecológico que mantém a regeneração natural estagnada por décadas. Especialmente nas bordas florestais, as trepadeiras têm se tornado hiperabundantes, mas as suas relações com as árvores e a regeneração natural nas bordas dos fragmentos florestais não são bem conhecidas. Diante disso, o objetivo desta tese foi verificar como trepadeiras em hiperabundância se relacionam com a comunidade arbustivo-arbórea e a regeneração natural em bordas de fragmentos florestais inseridos em paisagens agrícolas, analisar os possíveis desdobramentos dessas relações para a estrutura e composição de espécies nessas bordas e testar o manejo de trepadeiras como ferramenta de restauração da regeneração natural. Para a realização do presente estudo, foram selecionados três fragmentos de floresta estacional semidecídua, que apresentavam visivelmente trepadeiras em hiperabundância em suas bordas. A fim de analisar as relações entre trepadeiras, árvores e a regeneração natural, foram instaladas na borda de cada fragmento, oito parcelas permanentes de 150m2 (10mx15m), 24 parcelas ao todo, onde foram amostradas todas as árvores (DAP >= 5cm). Para o levantamento de trepadeiras, foi alocada uma subparcela de 50m2 (5mx10m) e a regeneração natural foi amostrada em três subparcelas de 4m2 (2mx2m). Foram calculadas variáveis descritoras dos três grupos amostrados, que foram correlacionadas entre si para investigar padrões nessas relações. Posteriormente, foi feita uma análise descritiva da estrutura e composição dessas bordas florestais com trepadeiras em hiperabundância. Para testar o efeito do manejo de trepadeiras em hiperabundância na regeneração natural, foi instalado um experimento de manejo, com corte total de todas as trepadeiras em metade das parcelas permanentes, a outra metade foi controle. As respostas do recrutamento, crescimento em altura, riqueza e composição da regeneração natural foi avaliada um ano após o manejo de trepadeiras. O presente trabalho traz em seu primeiro capítulo uma introdução sobre o papel ecológico das trepadeiras, suas relações com a estrutura de florestas e seu potencial para estagnar a sucessão florestal em fragmentos degradados, traz também o delineamento experimental geral. Nós investigamos no segundo capítulo, as relações entre trepadeiras em hiperabundância, árvores e a regeneração natural e fizemos uma análise descritiva da estrutura e composição de bordas florestais com trepadeiras em hiperabundância, inseridas em paisagem agrícola. No terceiro capítulo, nós demonstramos os efeitos iniciais do manejo de trepadeiras no recrutamento, crescimento em altura, riqueza e composição de espécies na regeneração natural. Trazemos também uma análise do rendimento operacional em função da densidade prévia de trepadeiras. Nós encontramos que a densidade de trepadeiras pequenas (<=2.5cm de diâmetro) e a proporção de árvores que apresentam ocupação severa da copa por trepadeiras (>=75%), têm relação negativa com a estrutura da comunidade arbórea e com a regeneração natural. Já a densidade de trepadeiras grandes (>2.5cm) tem relação positiva com características de floresta madura (maior biomassa e projeção da copa no solo, por exemplo). A estrutura predominante nas bordas estudadas inclui densidades altíssimas de trepadeiras (parcelas com até 78 trepadeiras/árvore) e mais de 80% dos indivíduos com as copas ocupadas por trepadeiras onde, em média, metade dessas árvores apresentam ocupação severa e a regeneração natural está comprometida. Nossos resultados ressaltam evidências que trepadeiras em hiperabundância podem contribuir com a degradação da estrutura da comunidade arbórea e com a supressão da regeneração natural nas bordas florestais. O manejo de trepadeiras proporcionou aumento no recrutamento e na diversidade da regeneração natural já no primeiro de avaliação. Também houve uma tendência de efeito positivo no crescimento em altura de espécies não pioneiras. Essa ação de manejo de trepadeiras em fragmentos florestais degradados é mais rentável comparada a técnicas convencionais de restauração ecológica (plantio de mudas para o reflorestamento de áreas que foram totalmente desmatadas, por exemplo), que são amplamente adotadas no país, indicando ser uma opção economicamente viável. Ao testar o manejo de trepadeiras, reconhecemos que essa prática é útil para a restauração da regeneração natural em bordas florestais com trepadeiras em hiperabundância e, consequentemente, para a retomada da sucessão florestal em fragmentos florestais degradados inseridos em paisagens agrícolas. |