Investigaço molecular de parasitas hemosporídeos (Apicomplexa: Haemosporida) em quirópteros silvestres brasileiros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Mathias, Bruno da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5179/tde-23092022-130600/
Resumo: Os parasitas sanguíneos da ordem Haemosporida, como o Plasmodium spp., responsáveis pela malária, tornaram-se foco de muitos estudos em biologia evolutiva. No entanto, há carência de estudos moleculares de parasitas hemosporídeos de animais selvagens, como por exemplo, do gênero Polychromophilus. Espécies desse gênero negligenciado foram descritas exclusivamente em morcegos, principalmente na Europa, Ásia e África, mas pouco se sabe sobre sua presença e diversidade genética no continente americano. Neste estudo, 531 amostras de morcegos de fragmentos remanescentes dos biomas de Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal, além de áreas urbanizadas do sul e sudeste do Brasil, foram analisadas quanto à presença de Polychromophilus através de PCR do gene mitocondrial que codifica o citocromo b (cytb). Um total de 1,1% dos morcegos foi positivo para Polychromophilus, fornecendo as primeiras informações moleculares desses parasitas em Myotis riparius e Eptesicus diminutus, morcegos vespertilionídeos comuns amplamente distribuídos em diferentes biomas brasileiros, e Myotis ruber, uma espécie ameaçada de extinção. Uma análise Bayesiana foi realizada para reconstruir as relações filogenéticas entre Polychromophilus recuperados de morcegos brasileiros e aqueles identificados em outros países. Sequências de linhagens brasileiras de Polychromophilus foram colocadas com sequências de P. murinus e próximas à sequência obtida no Panamá. Esse clado é restrito principalmente a morcegos da família Vespertilionidae e distinto de P. melanipherus, espécie encontrada principalmente em morcegos da família Miniopteridae. Interessantemente, as sequências brasileiras foram divididas em dois clados menores, de acordo com o gênero dos hospedeiros, indicando que linhagens ou mesmo espécies distintas de P. murinus podem estar circulando no Brasil. A detecção de Polychromophilus, assim como a proximidade genética com P. murinus, foram ainda confirmadas com a amplificação do gene clpc (caseinolytic protease C), presente no genoma do apicoplasto do parasita. Outro importante e inédito resultado obtido neste estudo foi o encontro inesperado de uma sequência de Haemoproteus sp., de linhagem nunca antes descrita, em amostra de Noctilio albiventris coletado no pantanal matogrossense. Esse gênero de hemosporídeo é próprio de aves e, embora na árvore filogenética a sequência de Haemoproteidae sp. de N. albiventris tenha sido agrupada dentro de Haemoproteidae, não foi suportada em clado monofilético. Observações morfológicas combinadas com estudos moleculares adicionais são ainda necessárias para concluir e descrever essas espécies de Polychromophilus e Haemoproteidae encontradas em morcegos brasileiros, mas esses resultados confirmam a importância do estudo desses gêneros negligenciados no Brasil