Prevalência, diversidade e filogenia de hemosporídeos em aves de diferentes biomas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Anjos, Carolina Clares dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5179/tde-19072022-181330/
Resumo: Determinar localmente a prevalência e a dinâmica de transmissão de organismos parasitas é importante para entender sua capacidade de persistir nas populações hospedeiras e se dispersar pelas regiões. A malária aviária (Plasmodium) e parasitas hemosporídeos relacionados (Haemoproteus e Leucocytozoon) são um grupo cosmopolita de protozoários recuperados de todos os principais grupos de aves e todas as regiões zoogeográficas, exceto Antártida. Neste estudo, analisamos sua prevalência, diversidade e distribuição em aves de dois diferentes biomas brasileiros: Mata Atlântica e Amazônia. Na Mata Atlântica, foram utilizadas 399 amostras de sangue de 66 espécies de aves residentes e migratórias na Serra do Mar. Através de análises moleculares e morfológicas uma nova espécie de Haemoproteus foi descrita. Também verificamos que espécies migratórias foram infectadas mais frequentemente do que residentes. No entanto, estágios infectantes para os vetores (gametócitos) de Leucocytozoon spp., os parasitas mais encontrados nas espécies de aves migratórias mais abundantes na Serra do Mar (Elaenia albiceps), não foram observados em esfregaços sanguíneos de aves locais. Esse resultado sugere que este migrante austral de longa distância pode dispersar linhagens de Leucocytozoon da Patagônia até a Mata Atlântica, mas a transmissão local provavelmente não ocorre nesta parte do Brasil. Portanto, as espécies migratórias podem abrigar uma maior diversidade e prevalência de parasitas do que espécies residentes, mas o transporte de alguns parasitas por hospedeiros migratórios nem sempre pode afetar a transmissão local. Para a Amazônia brasileira, que abriga uma avifauna extremamente diversificada e serve como centro de diversificação para parasitas da malária aviária na América do Sul, fizemos uma análise na região da Hidrelétrica de Balbina. A construção de barragens hidrelétricas é um fator de perda de biodiversidade, ao criar ilhas que geralmente são incapazes de sustentar as mesmas comunidades de aves encontradas em áreas florestais intactas. A Hidrelétrica de Balbina cobre uma vasta área com muitas ilhas na margem esquerda do Rio Uatumã conhecidas por conter mais de 400 espécies de aves. Sabe-se que além das ações antrópicas, a presença de parasitas pode também ter grande influência na dinâmica e estrutura das comunidades de aves. No entanto, nenhum estudo até o momento explorou como a fragmentação do habitat através da formação de ilhas durante as inundações artificiais afeta a diversidade e a prevalência de parasitas hemosporídeos de aves. Assim, analisamos amostras de sangue coletadas de 445 aves da região da Hidrelétrica de Balbina, pertencentes a 53 espécies, 24 famílias e oito ordens. Os passeriformes representaram 95,5% de todas as amostras analisadas. Através de técnicas moleculares verificamos que 13 amostras foram positivas para Plasmodium (duas Plasmodium elongatum e 11 Plasmodium sp.) pertencentes a oito linhagens. Seis dessas linhagens foram descritas anteriormente na Amazônia, enquanto duas são novas. Hypocnemis cantator, o cantador-da-guiana, representou 38,5% de todos os indivíduos positivos, embora representasse apenas 5,6% das amostras coletadas. Por outro lado, a positividade geral (2,9%) encontrada na área de Balbina sugere que as inundações antrópicas nas últimas três décadas nesta região podem ter interrompido as relações vetor-parasita levando a uma baixa prevalência de Plasmodium nesta avifauna insular