Estresse oxidativo seminal em cães: estudo da susceptibilidade dos espermatozoides e possíveis terapias durante a criopreservação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Vieira, Nívea de Mattos Góes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10131/tde-25062019-151450/
Resumo: O desequilíbrio entre a capacidade antioxidante e a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), também conhecido como estresse oxidativo (EO), pode ser extremamente prejudicial aos espermatozoides dos mamíferos. Essa célula é altamente susceptível ao EO devido ao seu citoplasma reduzido e consequente limitação na reserva antioxidante citoplasmática. Além disso, os espermatozoides exibem em sua membrana uma grande quantidade de ácidos graxos poli- insaturados (PUFAs), facilmente oxidadas e vulneráveis a peroxidação lipídica. Por outro lado, esses ácidos graxos, conferem fluidez a membrana plasmática, desempenhando um importante papel nos processos de fertilização além de proteger os espermatozoides durante a criopreservação. Com base nessas afirmações, adicionar ácidos graxos poliinsaturados na composição do diluente de sêmen canino para a criopreservação seria uma alternativa interessante. No entanto, parece plausível associar a esse diluente com PUFA um tratamento antioxidante para prevenir a exacerbada peroxidação lipídica. Portanto, o objetivo deste estudo foi associar o tratamento antioxidante com suplementação de PUFA, o ácido docosahexaenoico (DHA), ao diluidor para a criopreservação de sêmen canino. Para isso, foram desenvolvidos três experimentos visando a melhora da qualidade do sêmen criopreservado, utilizando-se em cada um deles, o sêmen de oito cães saudáveis e sexualmente maduros e avaliações das amostras para motilidade, membrana plasmática e integridade acrossômica, integridade do DNA, atividade e função mitocondrial e susceptibilidade da peroxidação lipídica. No primeiro estudo avaliou-se a susceptibilidade espermática a diferentes desafios de indução oxidativa (ânion superóxido [O2-], peróxido de hidrogênio [H2O2], radical hidroxil [OH-] e malondialdeído [MDA]) na presença ou ausência de plasma seminal (PS). Sêmen com PS teve função mitocondrial preservada contra EROs. No entanto, na ausência de PS, H2O2 reduziu o potencial da membrana mitocondrial. Além do mais, independentemente do PS, H2O2 foi deletério para a cinética espermática e para as membranas plasmática/acrossomal, e OH- reduziu a atividade mitocondrial e aumentou a fragmentação do DNA. No entanto, amostras com PS foram mais resistentes para a peroxidação lipídica. O segundo estudo foi feito testando o DHA em três concentrações diferentes, para isso foi dividido em quatro grupos: controle, 1µM DHA, 5µM DHA e 10µM DHA. Foram adicionados ao diluidor de sêmen, em seguida congelados, descongelados e analisados. Foram constatadas diferenças significativas entre o grupo controle e 1µM DHA, com este último apresentando menores valores para motilidade progressiva e espermatozoides rápidos e que o grupo 5µM DHA obteve menores valores de espermatozoides para espermatozoides estáticos comparando com todos os demais grupos. Desta forma, para o terceiro estudo selecionamos a concentração de 5µM DHA para associar com os antioxidantes catalase e vitamina E no diluidor (que combatem o radical OH- e o H2O2, respectivamente), baseando-se no primeiro e no segundo estudo. Os antioxidantes foram adicionados ao diluidor de sêmen e divididos em quatro grupos (todos contendo 5µM DHA): controle, vitamina E (0,6mM), catalase (300U/mL) e vitamina E (0,6mM) mais catalase (300U/mL). As amostras foram congelados, descongelados e avaliadas. Os resultados mostraram que o diluidor de sêmen canino contendo 5µM DHA mais vitamina E teve efeitos benéficos nas características cinéticas espermáticas, como velocidade média de percurso (VAP), velocidade linear (VSL), motilidade, motilidade progressiva e espermatozoides rápidos; enquanto 5µM DHA no diluidor, mais catalase não mostrou o efeito benéfico potencializado esperado, indicando que esse antioxidante parece ter toxicidade para o espermatozoide na concentração utilizada em nosso experimento. Finalmente, diluidor com 5µM DHA suplementado com vitamina E mais catalase, não aumentou a qualidade da cinética e estrutura espermáticas, mas melhorou a resistência ao estresse oxidativo. Concluímos que a suplementação do meio diluidor com DHA em associação com a vitamina E melhorou a qualidade espermática pósdescongelamento em sêmen criopreservado de cães.