Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2009 |
Autor(a) principal: |
Waisberg, Maria Thereza |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-26082009-092643/
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Resumo: |
Esta tese tem como objetivo estudar a noção de identidade narrativa em Robert Musil, concentrada, sobretudo, em O homem sem qualidades. Para alcançá-lo, parte-se do exame dos escritos musilianos, publicados como obras completas, a fim de reconhecer, na dissolução da identidade do personagem, a contribuição emblemática ao problema da identidade mutante do homem, desde o advento da modernidade. Compreendido o lugar reservado da identidade ética figurada pela manutenção de si, compreende-se como a falta de qualidades retira-lhe todo o ponto de apoio. O drama da dissolução da identidade do personagem de Musil deixa aberta a questão: pode o não-sujeito permanecer uma figura do sujeito, mesmo que fosse sobre o seu modo negativo? A ficção literária de Musil opera no duplo sentido de definir a condição de ipseidade e voltar à vida, quando se procura uma definição para identidade. Dessa análise se depreende que o si representado pela narrativa é confrontado com a hipótese de seu próprio nada. Certamente esse nada não é o nada do qual não se tem nada a dizer. Essa hipótese dá, ao contrário, muito o que dizer, como disso é testemunha a imensidade da obra analisada. Dessa análise reconhecem-se como não faltam à hipótese verificações existenciais sobre as transformações da identidade pessoal à prova desse nada de identidade que aparece nos momentos de desenraizamento como extremo despojamento dos valores da cultura, deixando a resposta negativa à pergunta quem sou eu? exposta não mais à nulidade da própria condição do homem verdadeiro, mas à nudez da própria questão. A análise do caso de um homem sem qualidades expõe que a identidade pessoal não é o que importa; levando ao apagamento não apenas a identidade do mesmo, mas a identidade de si. Ao revelar a negação do si, o homem sem qualidades expõe a passagem do Quem sou eu? ao que sou eu? como perda de pertencimento aos valores da cultura; tal perda é o caráter, isto é, o conjunto das disposições adquiridas e das identificações sedimentadas pela cultura. O personagem expõe a condição de impossibilidade atual de reconhecer a alguém sem uma maneira durável de pensar, de sentir, de agir, que, outrossim, seria impensável. Se há identidade no fluxo mutante da sociedade atual, esta só é praticável no fracasso de uma sucessão indefinida de tentativas de identificação as quais constituem a matéria de narrativas com valor interpretativo a respeito da contração do si. Manter-se no plano ético um si que, no plano narrativo, pode apagar-se é o desafio e um limite para encontrar, no indivíduo, a distância entre identidade narrativa e identidade moral em benefício da dialética viva entre uma e outra. Eis aqui como se vê tal oposição transformar-se em uma tensão frutuosa. |