As famí­lias homoparentais nas vozes de pais gays, mães lésbicas e seus/suas filhos(as)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Tombolato, Mário Augusto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-11072019-160021/
Resumo: Considerando-se a trajetória sociocultural e política da constituição da entidade familiar, assiste-se a um aumento da visibilidade dos arranjos familiares configurados por casais do mesmo sexo/gênero e seus/suas filhos(as). A aceitação social e possível regulamentação jurídica que assegure os direitos dos membros das famílias homoparentais são questões prementes na atualidade. Estudos realizados no cenário brasileiro têm evidenciado que essas famílias convivem, nos mais variados contextos relacionais, com o estranhamento e enfrentam barreiras decorrentes de preconceitos e discriminação. Em face da necessidade de compreender essa realidade a partir de estudos que contemplem e deem voz aos/às integrantes das famílias homoparentais, depreende-se a relevância de conhecer como os casais formados por gays e lésbicas e seus/suas filhos(as) constituem suas vivências familiares nos âmbitos privado e social. Este estudo teve por objetivo conhecer as vivências de quatro famílias homoparentais a partir das vozes de quatro casais constituídos por dois homens e duas mulheres, e seus/suas quatro filhos(as). Os instrumentos e técnicas utilizados com os casais foram: Formulário de Dados Sociodemográficos, Critério de Classificação Econômica Brasil, Entrevista Aberta, Genograma e Mapa de Rede; com os(as) filhos(as): Formulário de Dados Sociodemográficos, Entrevista Aberta e Mapa de Rede. A Entrevista Aberta, definida como a principal técnica de coleta, foi audiogravada, transcrita na íntegra e analisada de forma articulada com os dados extraídos dos demais instrumentos aplicados, a partir do referencial teórico-metodológico da Análise Fenomenológica Interpretativa (AFI). Os resultados apontaram que os casais compartilharam suas vivências relacionadas a ser lésbica/gay em uma sociedade marcada pela homofobia, contaram as histórias detalhadas de seus relacionamentos amorosos, destacaram a relação de companheirismo como base da vivência conjugal e refletiram sobre as vivências dos papéis de gênero no relacionamento conjugal, fazendo um contraponto entre o que é esperado socialmente e o que é realmente vivenciado em suas relações cotidianas. Encontrou-se uma pluralidade de vivências conjugais e parentais, assim como de modos de acesso à parentalidade, todavia a percepção de transformação pessoal com a transição para a maternidade/paternidade e o cuidado e a preocupação relativos à educação do(a) filho(a) perpassam todas as vivências familiares. A despeito das dificuldades enfrentadas no cotidiano, das experiências de preconceito social e familiar e dos percalços da aceitação por parte das famílias de origem, todos(as) os(as) participantes afirmaram viver bem em família. Compreende-se que as vivências do ser/viver família configuram percursos singulares no processo de construção da subjetividade de cada membro da família e, particularmente, para os(as) cônjuges representam um marco fundamental rumo à apropriação de quem cada um/uma é. O conhecimento gerado por esta pesquisa oferece subsídios que permitem aprofundar a compreensão do fenômeno investigado, e para o planejamento de estratégias que contribuam para fornecer cuidados às famílias homoparentais e que promovam condições para que elas possam ser reconhecidas e respeitadas na sociedade em que se inserem. A produção e divulgação de pesquisas nesta área podem fornecer elementos para novas reflexões que contribuam para transformar posturas preconceituosas e excludentes frente ao desenvolvimento e à pluralidade das organizações familiares existentes na contemporaneidade