O chapéu do bruxo: artefatos, aprendizes e aprendizados de um fazer científico (bio)hacker

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Costa, Clarissa Reche Nunes da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/31/31131/tde-17032020-105341/
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo seguir de perto práticas (bio)hackers balizadas por preceitos políticos de abertura e democratização, realizadas a princípio no interior da Universidade de São Paulo, uma instituição de pesquisa \"tradicional\", mas que integram redes e constroem alianças que alargam e adensam os atores e lugares autorizados a participar de fazeres científicos. Trata-se de um exercício experimental etnográfico produzido a partir do encontro com participantes do Clube de Biologia Sintética da USP e cujo campo de trabalho esteve situado especialmente em processos de fabricação de artefatos científicos \"do-ityourself\" (DIY), como por exemplo equipamentos para a realização de pesquisas em biologia molecular. Sigo os fluxos e encadeamentos de acontecimentos que se deram durante os anos que estive em campo, buscando evidenciar a própria transformação do que constituiu este campo, que passou da participação nas reuniões semanais e projetos pontuais do Clube de Biologia Sintética à experiências realizadas junto à rede (bio)hacker que estive em contato. Meu ponto de partida é uma primeira questão que me acompanhou em campo, a saber, porque as práticas pautadas em abertura florescem nesta \"fronteira\" do conhecimento, a Biologia Sintética? O contraste entre a história oficial do desenvolvimento deste campo científico emergente, cujas origens estão nos laboratórios do MIT - Harvard, e as experiências vividas me conduziu a observar as tensões entre as possibilidades de produção científica que encontramos localmente e o \"estado da arte\" científico advindo dos EUA e Europa a partir de práticas abertas, (bio)hackers e desobedientes que insistem em estar dentro de instituições formais. Pretendo nesta dissertação narrar experiências que desestabilizam os polos humano-objeto e ciênciapolítica de modo a, assumindo uma análise feminista orientada a objetos, elencar aprendizados capazes de instigar nossas imaginações sobre outras formas possíveis (e desejáveis) de relações produtivas integradas por uma dignidade coproduzida. Para tanto, conto com a ajuda de uma proposta \"ciborgue-feiticeira\", ou melhor, dos pensamentos de Haraway e Stengers, filósofas da Ciência e Tecnologia, a partir dos quais ressalto o caráter de aprendizagem que emergiu do trabalho de campo e tornou-se figura central e pulsante ao deslocar meu olhar para práticas e objetos, evidenciando o lugar da imaginação coletiva nas ciências e a reivindicação da capacidade de imaginar como proteção e possibilidade de entreviver.