Imagem-movimento, imagens de tempo e os afetos \"Alegres\" no filme \"O Triunfo da Vontade\", de Leni Riefenstahl: um estudo de sociologia e cinema.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Rovai, Mauro Luiz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-15012002-144632/
Resumo: A tese analisa o filme O Triunfo da Vontade, de Leni Riefenstahl, a partir das imagens clichês de alegria e felicidade nele presentes. O que se pretende mostrar é \"como\" a cineasta utiliza exaustivamente imagens do que é considerado espetacular, extraordinário, harmônico, alegre e feliz. Procedimento que contribuiu, em grande medida, para a divulgação (propagação) do nazismo, é certo, mas também, e principalmente, para realizar um conto de fadas em que um \"príncipe\" vem desposar a sua \"escolhida\", adormecida sob as nuvens do céu de Nuremberg, celebrando, assim, um mito redentor que prolifera de maneiras multifacetadas em diversas culturas. Além disso, mais do que entender a obra como propaganda, a hipótese central é que Leni Riefenstahl conseguiu transformar lugares cotidianos, pessoas comuns e grandes construções arquitetônicas em personagens de uma epopéia, coadjuvantes ou parceiras do grande protagonista da tela: Hitler, um líder político tornado ator - no papel de herói. Nesses termos, o que se quer privilegiar são os aspectos estéticos do trabalho da diretora, trajetória já trilhada por Susan Sontag na década de 70. Todavia, ao invés de fazê-lo tomando a cineasta como a precursora de uma determinada maneira de glorificar o corpo, localizando-a no registro do \"discurso conservador\" de retorno à natureza - conforme explorou Sontag -, o que se pretende apontar é como o cotidiano foi transformado numa epopéia maravilhosa a partir do seu trabalho de direção e montagem. Em outras palavras, que o encontro entre o clichê e a busca pelas tomadas insólitas configuraram outra maneira de re-apresentar os acontecimentos por meio de imagens, a saber, transformando-os em espetáculos fascinantes. Por essa interpretação, se há um \"espírito nazista\" em O Triunfo da Vontade, esse deve ser procurado não nos uniformes e estandartes presentes no écran, mas na geração incessante de imagens clichês de felicidade, alegria e júbilo. Afinal, como procuro realçar, a película não apenas mostra o IV Congresso do NSDAP, mas atualiza, a cada uma de suas exibições, as imagens daquilo que Adorno chamava de \"a capacidade imperturbada de ter prazer\", em que fica claro o curto caminho existente entre o \"evangelho da alegria\" e a \"construção de matadouros humanos\".