Entre narrador e editor: aspectos da narrativa no romance Neue Leben de Ingo Schulze

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Valverde Júnior, Athos Morais
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8144/tde-28072023-174031/
Resumo: O presente trabalho propõe-se a analisar o romance Neue Leben (2005), de Ingo Schulze, a partir de seus aspectos narratológicos. O romance se estrutura a partir da tensão estabelecida entre suas instâncias narrativas, a saber, o protagonista-narrador e o editor fictício, e traça um vasto panorama sobre os acontecimentos em torno do processo histórico da queda do Muro de Berlim e da reunificação alemã. A investigação parte da contextualização da obra no quadro das representações literárias desse período histórico, discutindo os conceitos de Wendeliteratur, Wenderoman e \"literatura menor\". Em seguida, investiga-se como a obra se organiza a partir do gênero do romance epistolar e mobiliza estratégias próprias deste gênero para tematizar, na trajetória do protagonista-epistológrafo Enrico Türmer, tópicos tradicionais da Wendeliteratur, como a vida na Alemanha Oriental, os acontecimentos históricos de 1989/90 e a reconstrução da vida no pós-reunificação. Examina-se, na sequência, a figura do editor fictício Ingo Schulze, discutindo o conceito de paratexto e as relações do romance com o modelo do editor hoffmaniano de Kater Murr e demonstrando como essa figura se projeta performaticamente como uma instância narrativa concorrente ao epistológrafo-narrador e não-confiável. Procura-se demonstrar, por fim, como a caracterização dessas instâncias e das relações entre elas tematiza, esteticamente, a experiência de desorientação e incerteza vivenciada durante o processo de reunificação alemã e aponta para os limites de se estabelecer uma representação literária unívoca e inequívoca sobre aquele período histórico.