Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1997 |
Autor(a) principal: |
Nozawa, Marcia Regina |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-10052019-174403/
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Resumo: |
Situando-se no espaço de interseção da formação e da prática profissional, desenvolveu-se uma pesquisa de natureza qualitativa e de caráter exploratório, na qual se procurou caracterizar o perfil profissional de enfermeiras graduadas no Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas, no período de 1981 a 1993. Realizou-se, por meio dessa caracterização, a seleção de sujeitos cujos discursos foram analisados e possibilitaram a compreensão da prática de enfermagem, a partir da exploração de alguns eixos temáticos, tais como: processo de escolha e realização profissional; concepção de saúde-doença; saúde e trabalho na enfermagem; formação e prática profissional. O dispositivo analítico empregado filia-se à escola francesa de Análise de Discurso cujo quadro epistemológico apresenta-se na articulação do materialismo histórico, como teoria das formações sociais e suas transformações; a lingüística, como teoria dos mecanismos sintáticos e de enunciação; a teoria do discurso, como teoria da determinação histórica dos processos de constituição dos sentidos. A caracterização geral permitiu identificar que se trata de uma população predominantemente composta de profissionais do sexo feminino, jovens, casadas e que ingressaram no Curso de Graduação sem experiência anterior em enfermagem. A grande maioria, cerca de 97%, assumiu atividade profissional após a formação e apenas 10% não exerciam a profissão no momento de realização da pesquisa. A maior parte trabalhava em serviços públicos de saúde situados no Estado de São Paulo, com predomínio no Município de Campinas. Aproximadamente 50% se concentrava em serviços hospitalares e 18% em rede básica de saúde. Entre as enfermeiras empregadas, 42% ocupavam funções administrativas e 38% se dedicavam a atividades assistenciais. A remuneração média correspondeu a 13 salários mínimos e a jornada de trabalho mais freqüente foi de 40 horas semanais. O vínculo duplo de trabalho foi indicado por 17% da população estudada e promoveu um acréscimo médio de 25 horas semanais de trabalho e 6 salários mínimos. Em relação ao processo de aperfeiçoamento profissional, perto de 50% indicou ter realizado especialização, aprimoramento ou habilitação. Cerca de 70% indicou identificação com a prática realizada e, ao mesmo tempo, referiu insatisfação diante das condições de trabalho na enfermagem. A despeito disso, observou-se uma adesão crescente e favorável à profissão até os nove anos de atividade. A análise da singularidade no uso da linguagem possibilitou identificar certas regularidades no funcionamento do discurso de enfermagem. Em relação ao processo de inserção na enfermagem predominou o sentido de ausência de escolha. O sentido dominante de realização profissional situou-se no âmbito da gratificação pessoal. No tocante ao cuidado com à própria saúde, os sentidos foram múltiplos e as práticas orientaram-se em várias direções, entretanto, houve o predomínio de uma prática de autocuidado incoerente com aquela destinada aos pacientes/clientes. Para estes, a prática desenvolvida se remetia tanto à valorização da doença quanto das relações interpessoais circunscritas aos limites do indivíduo. De forma também dominante, a relação entre saúde e trabalho não se apresenta explicitamente no discurso. Diante dos conflitos identificados no exercício da profissão, os sujeitos se posicionam preponderantemente de duas formas: implementando medidas orientadas por uma visão superficial que naturaliza as diferenças e resultam em práticas que não transformam a realidade ou absorvendo os conflitos e buscando estratégias individuais de resistência. No plano do discurso, a relação explícita entre formação e prática é raramente indicada. No entanto, as marcas na construção do discurso evidenciam que a própria prática dos sujeitos representa e é indicativa do modo de ensinar enfermagem. |