Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Souza, Luiz Paulo Pimentel de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-05112018-161942/
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Resumo: |
O presente estudo, cuja inspiração procedimental advém do legado de Michel Foucault, dedicase à análise das relações históricas entre práticas teatrais e determinada lógica de governança de tipo pedagógico do tecido social no Brasil. Constatando que tal correlação de forças encontraria seu alvo principal na figura do espectador, investigam-se os processos históricos que culminaram na emergência de determinado espectador crítico, autônomo e cidadão no interior das práticas teatrais brasileiras. Com vistas a perspectivar o problema do espectador ao longo da história da prática teatral no país, a pesquisa realiza um recuo temporal e organiza um corpo documental composto por periódicos (jornais e revistas) publicados entre 1812 e 1960. Sobrevém desses textos do passado a prática da pateada, desaparecida nos dias de hoje, a qual consistia em um ruidoso bater dos pés a ser disparado a qualquer momento da representação por parte dos espectadores insatisfeitos em relação ao que viam e ouviam. A pateada é aqui analisada sob duas perspectivas: a primeira investiga os sentidos dessa prática e a compreende como um gesto de ajuizamento singular formalizado por determinada época; a segunda percorre uma série de problematizações históricas que passaram a contestar a existência dessa prática e trabalharam em prol de sua extinção. Em meio ao processo do desaparecimento da pateada, pode-se ainda observar duas forças institucionais firmemente engajadas nesse movimento: a polícia e a crítica teatral. Essa segunda força, por sua vez, teve sua emergência vinculada a toda uma nova racionalidade jurídica que passaria a ganhar força no país com a inauguração das faculdades de Direito, e se desenvolveu com a consolidação da imprensa escrita da época. Ainda, recorrendo à análise da existência e extinção de uma prática como a pateada, objetivase apresentar um momento histórico em que tanto o comportamento quanto a subjetividade do espectador começariam a ser regulados em direções diversas e um novo tipo de endereçamento público-cena emergiria. Tratar-se-ia, portanto, de uma disputa a respeito das maneiras por meio das quais as manifestações dos espectadores em relação às peças e aos artistas poderiam ser exercidas. Assim, fazendo eco ao procedimental de pesquisa foucaultiano, trata-se de descrever e analisar a emergência de uma nova ordem de governo das condutas e subjetividades dos espectadores que diz respeito, em certa medida, às suas configurações contemporâneas. Perspectiva-se, enfim, que três seriam os eixos que formalizariam a entrada em cena de um novo espectador que nos seria muito mais familiar do que o público pateador oitocentista: o governo; o par formado pelas práticas teatrais e educacionais; e a regulação da própria experiência de ajuizamento em relação às práticas artísticas. |