Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Souza, Luiz Paulo Pimentel de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27162/tde-03072024-152210/
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Resumo: |
O campo discursivo que vincula cultura e cidadania se intensifica conforme o Brasil avança em seu processo de redemocratização. Tal associação é consolidada nas décadas subsequentes, a ponto de políticas públicas forjadas já no período democrático tornarem cultura e cidadania, senão termos sinônimos, ao menos complementares. Tanto na produção teórico-acadêmica quanto em projetos artísticos de financiamento público ou privado, observa-se que os ideais de emancipação pela cultura (por sua fruição e/ou produção) também ganharam força como justificativa para a necessidade das práticas artísticas no tecido social do país. No entanto, os anos 2010 colocaram a combinação arte-cidadania-emancipação em xeque. O motor dessa crise não foi acionado por artistas, críticos ou mesmo gestores culturais, mas pelo encontro cada vez mais ruidoso entre os fazedores da arte e seu público. Se a justificativa final da cultura era a de contribuir para a formação de uma atitude cidadã e crítica na sociedade, parte desse público-alvo passou a questionar as premissas dessa equação, escancarando seus limites e paradoxos. O teatro, por sua vez, destacou-se como zona privilegiada dessa disputa, com recorrentes episódios de enfrentamento entre cena e público, mobilizando polêmicas a respeito das necessidades de transformação da linguagem bem como de sua teoria e modos de produção. Originando-se da constatação dessa crise contemporânea, esta tese investiga sob quais formas e em quais momentos históricos os ideais de cidadania e emancipação teriam se entranhado na prática e no pensamento sobre o teatro do país. Historicizar tal processo não visa descrever uma sucessão de eventos que teriam nos conduzido linearmente até a atualidade, mas sim problematizar os acontecimentos do próprio curso histórico, evidenciando instituições laterais, forças discursivas e formas de governo que teriam tornado possíveis certos modos de pensar e produzir as relações entre cena e público, em detrimento de outros. Partindo de um diálogo teórico-metodológico com elementos que compõem o pensamento de Michel Foucault (seu gesto procedimental arqueogenealógico), a pesquisa se move entre diferentes arcos históricos a fim de focalizar cenas polêmicas da história teatral. O texto se desloca entre: a) a análise de tensões entre cena e público deflagradas ao longo da última década (2012-2022) e que encontram na reivindicação da ocupação cênica de corpos historicamente minorizados sua principal, mas não única, condição de expressão; e b) a análise do primeiro momento histórico em que as práticas teatrais teriam se vinculado aos ideais de emancipação e que teve lugar ao longo de toda a década de 1880, na qual os teatros foram eleitos como espaço privilegiado para a militância abolicionista. Assim, a tese sustenta seu procedimento de ir e vir na história por meio de um montante documental composto por textos publicados na imprensa que nos permitem evidenciar modos como escândalos teatrais foram descritos, problematizados e analisados em suas respectivas épocas. Por fim, o exercício genealógico do qual a tese resulta conduz à hipótese de que seria na tentativa de governar certas subjetividades e comportamentos deflagrados no encontro entre cena e público que as relações entre teatro, cidadania e emancipação teriam fundado seu sucesso e fracasso ao longo dos últimos dois séculos. |