Autoria e resistência: Carolina Maria de Jesus em discurso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Leandro, Michel Luís da Cruz Ramos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-03102019-231200/
Resumo: A partir dos fundamentos da Análise de Discurso francesa, construída por Michel Pêcheux, esta pesquisa objetivou investigar o modo como Carolina Maria de Jesus na posição de sujeito autor, por meio da sua primeira obra, Quarto de Despejo: diário de uma favelada (2014), publicada em 1960, e também da obra, Diário de Bitita (2016) relacionou-se com a escrita e se constituiu autor de literatura. Especificamente, buscou-se investigar, nas marcas de autoria desse sujeito, os efeitos de sentidos de resistência que fazem com que essa produção literária possa ser reconhecida como literatura de enfrentamento social, que joga o jogo da política literária, contribuindo, por fim, para a reflexão da ausência de autoras negras na escola e em outras instituições, apontando, portanto, alguns questionamentos acerca desse silenciamento. Para isso, foram selecionados recortes que pudessem trazer marcas linguísticas da relação do sujeito-autor com a escrita, de modo que fosse possível analisar o processo de autoria desse autor pela via da resistência. As análises apontam que a escrita de Carolina Maria de Jesus é um ato de resistência porque rompe com uma formação imaginária de autor (branco, classe média, com alto grau de escolaridade, intelectual), assim como faz ranger a política literária que funciona canonizando determinadas autoras e autores e suas obras e interditando outros. O sujeito-autor ao discursivizar sobre a fome da escrita e a escrita da fome pela tessitura do poético, provoca a formação de uma literatura de enfrentamento social. Além do mais, ao materializar sentidos sobre a escola em sua obra e também trabalhar uma literatura-filosófica, por meio de uma escrita-indagadora, esse sujeito-autor trabalha o interdiscurso no intradiscurso a fim de construir o seu projeto artístico literário, trazendo outras geografias literárias a partir do seu não-lugar na historiografia da literatura brasileira