O grito de resistência na voz da mulher negra: Carolina Maria de Jesus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Barbosa, Antônia Amélia lattes
Orientador(a): Ferreira, Júlia Simone lattes
Banca de defesa: Carrizo, Silvina Liliana lattes, Oliveira, Maria Aparecida de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16656
Resumo: O objetivo desta dissertação é analisar a escrita de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), a partir das obras de sua vivência: Quarto de despejo: diário de uma favelada (2014b), Casa de alvenaria (2021a; 2021b) e Diário de Bitita (2014a) e comprovar como é latente o grito de resistência que ensurdece e incomoda os padrões hegemônicos de nossa sociedade. É importante realçar que a presença da autora na cena literária é, indubitavelmente, emblema de resistência cultural e de combate à opressão, ao mobilizar-se como porta-voz do sujeito negro expondo não só suas mazelas, mas as de muitos brasileiros que vivem desprotegidos pelo Estado. Ao eclodir da escassez, a fome é uma aliada para reescrever uma outra história: a de lutas incansáveis por visibilidade social e pelo sonho de tornar-se escritora. Assim, essa escritura política e testemunhal resgata e, ao mesmo tempo, critica as memórias inesquecíveis do colonialismo e da violência estrutural. A grande contribuição desse corpus literário imortal e atual é ajudar-nos a compreender os fatos do país que vivemos hoje, levando-nos a pensar, sobretudo, que a literatura de autoria feminina negra rompe com a “história única”, propiciando à mulher negra falar a partir de si acerca das feridas que não se cicatrizam, como uma ação para preencher os vazios históricos e fissurar o racismo, a discriminação e as injustiças que cerceiam a sua representatividade. Conclui-se que esses textos da autora estão ao alcance do leitor e são instrumentos de poder nas mãos de uma mulher negra que lança reflexões sobre a invisibilidade intelectual de sujeitos afrodescendentes em contexto diaspórico. Como suporte teórico dessas discussões, serão utilizados os textos de bell hooks, Chimmanda Adichie, Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Édouard Glissant, Gayatri Spivak, Gloria Anzaldúa, dentre outros.