O som que dá no pife: Trajetória e Resistência da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Mendes, Murilo Gaspar
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-28092023-154306/
Resumo: Neste trabalho, pretendo investigar as relações sociais, políticas e musicais que envolvem a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, no Ceará, na região do Cariri. O foco recai, principalmente, sobre a sustentação da predileção da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto por parte das autoridades governamentais e do público cratense, existente há anos, diante de outras bandas da região. A partir de suas propagadas matrizes ancestrais indígenas e do pioneirismo neste gênero de agrupamento musical defendidos pelo grupo, foram estabelecidas, pelo menos ao longo do século XX, relações com as Políticas Públicas que deram à Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto status diante dos Governos Municipal, Estadual e Federal com condecorações e salários. O discurso de superioridade forjado pelas elites do Município de Crato-CE ao longo de sua história transpassou as camadas sociais e pode ser percebido no discurso dos Irmãos Aniceto em relação às demais bandas cabaçais. Tem-se como objetivo, portanto, investigar possíveis reflexos deste discurso na sonoridade de sua música. Para tal, faço uso, principalmente, do material coletado em pesquisa de campo em 2011, além da bibliografia sobre a história da política e do folclore que tiveram influência na trajetória do grupo. A metodologia do etnomusicólogo britânico John Baily propõe o estudo etnográfico da prática de um instrumento musical através dos processos de ensino e aprendizagem e a relação mestre/aprendiz, proporcionando conhecimento para análises das relações entre material sonoro e histórico-cultural. Tal análise se dá, principalmente, através da identificação de padrões de movimento sobre o instrumento que geram sonoridades específicas da identidade musical dos sujeitos da pesquisa. Os resultados apontam, entre outros aspectos, para presença de uma singularidade que, na música instrumental dos pífanos, representa o elemento indígena e ancestral tido como fator diferencial do grupo. Tal singularidade é concebida desde a matéria prima e morfologia do instrumento até nuances, técnicas, digitação e estruturas fraseológicas específicas que revelam as relações sociais existentes em sua trajetória.