Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Porto, Ana Paula Matos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-22092022-160249/
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Resumo: |
Introdução: O uso inapropriado de antimicrobianos e as crescentes taxas de resistência são um grande desafio mundial. Embora programas de stewardship sejam recomendados pela legislação brasileira, dados sobre uso de antibióticos são escassos no país. Objetivos: Os objetivos do estudo foram conduzir avaliação qualitativa do uso de antimicrobianos em hospitais brasileiros de diferentes regiões, e utilizar os dados da prevalência pontual do consumo de antibióticos para guiar intervenções que visem a melhoria do seu uso. Métodos: Foi utilizado um programa online para monitoramento da prescrição de antimicrobianos em 27 hospitais brasileiros, e para inserção de dados da prevalência pontual. O Inquérito Global da Prevalência Pontual do Consumo de Antimicrobianos e Resistência (Global-PPS) foi desenvolvido pela Universidade da Antuérpia e financiada pela bioMérieux (www.globalpps.com). Foram coletados dados sobre prescrição de antibióticos e indicadores de qualidade, que foram inseridos na plataforma e divulgados aos hospitais. Também foi conduzido estudo quasi- experimental em um grupo de 8 hospitais, com realização do Global-PPS antes (2017) e depois (2018) de uma intervenção baseada no feedback dos dados sobre uso de antibióticos e práticas de prescrição, a fim de avaliar o impacto da intervenção no uso de antibióticos. A prevalência de uso de antimicrobianos foi obtida em nível nacional (prevalência global) e por hospital por meio de análise pareada dos dados individuais dos hospitais, usando o teste soma classificação de Wilcoxon. Resultados: Dos 1801 pacientes avaliados nos 18 hospitais participantes em 2017, e 2433 pacientes nos 17 hospitais em 2018, respectivamente, 941 (52,2%) e 1168 (48%) receberam pelo menos um antimicrobiano no dia do Global-PPS. A região Nordeste (2017: 60,4%; 2018: 54,4%) apresentou prevalência mais elevada quando comparada às regiões Sul (2017: 48,6%; 2018: 50%) e Sudeste (2017: 49,6%; 2018: 45,8%). As unidades de terapia intensiva (UTIs) de pacientes adultos apresentaram as maiores taxas de uso (2017: 60,3%; 2018: 57,3%). Os antibióticos mais prescritos foram: ceftriaxona (2017: 12,8%; 2018: 11,6%), meropenem (2017:12,3%; 2018: 11,4%), vancomicina (2017: 10,3%; 2018: 7,8%) e piperacilina-tazobactam (2017: 9,3%; 2018: 8,6%). Dentre os diagnósticos, pneumonia ou infecção do trato respiratório inferior (ITRI) foi o mais comum (cerca de um terço das prescrições de antibióticos). Os antibióticos foram prescritos em sua maioria de forma empírica e por via parenteral, tanto para as infecções adquiridas na comunidade como para as relacionadas à assistência à saúde. A prevalência de pacientes em uso de antibióticos guiados por exames microbiológicos para tratamento de infecções causadas por pelo menos um organismo multirresistente (MR) foi em torno de 6% para todo o hospital e 11% para as UTIs de pacientes adultos. Na análise em nível nacional, o grupo de hospitais que conduziu o Global-PPS antes e depois da intervenção apresentou prevalência de uso de antimicrobianos de 52,5% em 2017 e 46,8% em 2018. Em nível hospitalar, quando foram comparadas as médias e medianas de uso por hospital, foi evidenciada redução relativa de 11% da prevalência de uso de antimicrobianos (2017: 62,4%; 2018: 55,5%; p=0,313; tamanho de efeito=0,44). Na avaliação por classes de antibióticos, observou-se diminuição, também não significativa, do uso de antibióticos de amplo espectro, tais como: glicopeptídeos, carbapenêmicos, aminoglicosídeos, penicilinas com inibidores de -lactamase, lipopeptídeos e oxazolidinonas. Por outro lado, essa redução foi acompanhada por aumento no uso de antibióticos com menor espectro de ação, e geralmente prescritos para infecções por bactérias com melhor perfil de sensibilidade, como: cefalosporinas de 1q, 2q e 3q gerações, macrolídeos e penicilinas com espectro estendido. Houve diminuição não significativa na prevalência de uso de antibiótico guiado por exame microbiológico para tratar infecção por bactéria Gram-negativa MR entre todos os pacientes avaliados (2017: 10,7%; 2018: 8,1%; p=0,131; tamanho de efeito=0,5), porém observamos aumento não significativo (2017: 11,2%; 2018: 16,3%; p=0,945; tamanho de efeito=-0,6) na avaliação específica das UTIs de pacientes adultos. Conclusão: Esse estudo evidenciou prevalência elevada do uso de antimicrobianos em hospitais brasileiros. Beta-lactâmicos foram os antibióticos mais prescritos; e pneumonia, o diagnóstico mais comum. Os resultados do estudo mostram que inquéritos de prevalência pontual podem ser ferramentas úteis para a avaliação do uso de antimicrobianos e sugerem que intervenções baseadas no feedback das práticas de prescrições podem contribuir para a melhoria do uso de antibióticos em hospitais brasileiros |