Elaboração de protocolo clínico de diagnóstico e manejo de coagulopatia do trauma em pacientes pediátricos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Rafael, Raissa Correia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17165/tde-13052024-154225/
Resumo: O trauma é o rompimento forçado da homeostase corporal. É o principal problema de saúde pública pediátrica em todo o mundo. Trata-se de grupo heterogêneo com diferentes mecanismos de lesão traumática, bem como diferentes respostas fisiológicas ao trauma. A imaturidade do sistema hemostático de crianças, com baixos níveis de proteínas anticoagulantes e pró-coagulantes e plaquetas qualitativamente disfuncionais, aumentam de forma significativa o risco de coagulopatia induzida pelo trauma nessa faixa etária. Pela escassez de estudos com relevância metodológica, o manejo da coagulopatia do politrauma pediátrico é heterogêneo, baseado principalmente na experiência de cada serviço, isoladamente. Portanto, a partir de uma revisão de literatura foi possível a realização do protocolo clínico. A análise bibliográfica foi realizada com a seleção de revisões sistemáticas, estudos randomizados controlados e observacionais, assim como estudos caso-controle e séries de casos. Os graus de recomendações e os níveis de evidência foram classificados de acordo com os critérios da Universidade de Oxford de 2014. Em relação ao manejo da criança vítima de politrauma, o primeiro objetivo é o controle da hemorragia maciça, que muitas vezes requer procedimento cirúrgico. O segundo grande objetivo é restabelecer a perfusão tecidual: corrigir a acidose, reverter a hipotermia e controlar a coagulação. Desta forma, a monitorização laboratorial na primeira hora, assim como o reconhecimento precoce dos pacientes de alto risco de sangramento são de suma importância. Em relação à reposição hídrica, recomenda-se o uso de soluções cristaloides em alíquotas de 10 ml/kg até, no máximo, 40 ml/kg, com substituição para os hemocomponentes, assim que estiverem disponíveis (Recomendação B / Nível de Evidência: 2b). A indicação da transfusão de hemocomponentes deve se basear nos sinais, sintomas e marcadores fisiológicos, e não apenas em resultados laboratoriais. A tromboelastografia pode ser útil para guiar transfusão dos demais hemocomponentes como plasma, plaquetas e crioprecipitado (Recomendação D / Nível de Evidência: 5). Nos pacientes refratários à infusão de 20-40 ml/kg de cristaloides e hemorragia grave, recomenda-se o protocolo de transfusão maciça com as proporções entre hemácias, plasma e plaquetas de 2:1:1 (Recomendação A / Nível de Evidência: 1). Quando disponível, o sangue total deve ser utilizado, priorizando o do grupo O com baixos títulos de anti-A e anti-B (Recomendação C / Nível de Evidência: 4). O ácido tranexâmico é indicado em todos os pacientes com pouca resposta aos bolus de cristaloides e sangramento maciço evidente, devendo ser administrado nas primeiras 3 horas após o trauma, com doses variáveis de acordo com a idade (Recomendação B / Nível de Evidência: 2b). Apesar de o fenótipo de hipercoagulabilidade ser mais raro na criança, deve-se considerar a profilaxia para trombose venosa profunda com enoxaparina nos pacientes maiores de 15 anos com baixo risco de sangramento ou em menores de 15 anos púberes, com traumas graves e baixo risco de sangramento, após estabilização hemodinâmica, nas primeiras 24-48 horas após o trauma (Recomendação D / Nível de Evidência: 5).