Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Godoy, Lívea Dornéla |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17134/tde-10042019-094720/
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Resumo: |
Estudos recentes associaram fortemente a fisiopatologia da Depressão ao estresse crônico e suas conseqüências, desde o comportamento alterado até a disrupção do eixo HPA e mudanças na expressão gênica. A depressão é uma doença que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, causando um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes. Evidências sugerem o papel contributivo do stress de início da vida (ELS) para Depressão Maior (MD). O paradigma do estresse crônico variável é amplamente utilizado, mas seus impactos não foram estudados no início da vida. Portanto, para entender melhor esta condição, os filhotes de ratos Wistar machos (P1-P21) foram expostos ao paradigma Multimodal ELS. Foram avaliados os níveis plasmáticos de corticosterona (cort) e os órgãos relacionados ao eixo HPA. Adicionalmente, estes foram avaliados durante a idade adulta no teste de consumo de sacarose (TCS), no teste de nado forçado (TNF) e no teste da caixa claro-escuro (TCE). Os resultados indicam que os filhotes não se habituaram ao ELS multimodal. Em P21, o peso das glândulas adrenais dos animais ELS é significantivamente maior, e o timo e o peso corporal diminuíram, quando comparados com o grupo controle. O timo também se mantém significativamente reduzido quando comparado ao grupo controle em P90. Além disso, os ratos adultos submetidos ao protocolo ELS apresentaram menor ingestão de sacarose e maior latência para o compartimento claro na TCE, quando comparados ao grupo controle. Um outro modelo animal que apresenta estresse intermitente e tem sido amplamente utilizado é o modelo da restrição do material de ninho. Neste modelo a redução do material do ninho promove uma disrupção no cuidado materno, e gera alterações no desenvolvimento encefálico e comportamental da prole. O ELS leva a um surgimento precoce da inibição do medo contextual e à maturação acelerada do hipocampo. Nós postulamos que a corticosterona desempenha um papel funcional na regulação do tempo de maturação das regiões subjacentes à aprendizagem e expressão de ameaças, incluindo o hipocampo e a amígdala. Nossa hipótese é que alterações nos níveis plasmáticos de corticosterona podem afetar o tempo de processos de maturação cerebral e comportamental. Portanto nosso objetivo foi avaliar como um bloqueador da síntese de corticosterona altera o comportamento de medo condicionado e expressão de BDNF em animais controle ou submetidos ao modelo ELS de redução de material do ninho. Tanto nos grupos controle como ELS utilizamos animais Naïve, ou que receberam Veículo ou Metirapona (MET; 50mg/kg) em P12. Em P18, P21 ou P28 grupos independentes de camundongos foram expostos a uma única sessão de condicionamento do medo, seguido 24 h depois por um único teste de contexto. A análise do comportamento de congelamento no teste de contexto revelou que o tratamento com MET bloqueou a aceleração na inibição do medo contextual em camundongos fêmeas submetidos ao ELS. Curiosamente, em filhotes machos controles tratados com MET, houve um atraso na curva de desenvolvimento de medo contextual. Observamos que houve um correlato do efeito do tratamento com Metirapona na expressão do BDNF em regiões límbicas (hipocampo ventral e amígdala basolateral). Com base nos presentes resultados, a CORT provavelmente desempenha um papel importante no momento do desenvolvimento típico e das mudanças associadas ao ELS no comportamento e na maturação do cérebro. A epilepsia é uma condição neurológica crônica caracterizada pela predisposição persistente a gerar crises epilépticas, e pelas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais desta condição. A depressão é uma comorbidade psiquiátrica muito comum em pacientes com epilepsia. Cada vez mais dados sugerem que a epilepsia, depressão e outros possíveis distúrbios psiquiátricos como a ansiedade compartilham mecanismos patogênicos. Nesse sentido, foram encontradas anormalidades na linhagem WAR (Wistar Audiogenic Rat) que a tornam um modelo interessante para o estudo do estresse, a Epilepsia e as comorbidades neuropsiquiátricas envolvidas. Com base nisso, o presente estudo teve comoxiv Godoy, L.D. objetivo avaliar na linhagem WAR: 1. Cuidados maternos na linhagem WAR nas condições controle e sob estresse 2. Comportamentos de tipo depressivo basal e após o kindling audiogênico (crises convulsivas crônicas- KAu). Não houve diferença no tempo em postura de amamentação ativa, licking/grooming ou tempo da mãe no ninho, e no número de ataques e comportamentos agressivos. Observamos um aumento na latência de ratas WAR para recuperar os filhotes após separação materna, e enquanto 100% das ratas Wistar agruparam toda a ninhada, nas fêmeas WAR foi observado apenas 40%. 2. Para avaliar os comportamentos de tipo depressivo, os ratos foram submetidos a 20 estímulos acústicos duas vezes ao dia (KAu) (Wistar-KAu, WAR-KAu), enquanto os respectivos grupos controle permaneceram sem estímulo (Wistar, WAR). Posteriormente, os grupos foram submetidos ao TCS e TNF Não houve diferença entre o grupo WAR e Wistar no TCS , porém o grupo WAR-KAu grupo apresentou um aumento significativo em relação aos grupos controles. No TNF ambos os grupos WAR e WAR-KAu apresentaram redução significativa de escalada na sessão teste quando comparados ao Wistar. Tomados em conjunto, esses achados indicam que o ELS pode gerar suceptibilidade às comorbidades psiquiátricas associadas ao estresse, e que os modelos experimentais em questão permitem investigar como os efeitos dos glicocorticoies se relacionam com o neurodesenvolvimento, especificamente na maturação do comportamento de medo e de estruturas límbicas. Além disso, dados preliminares indicam que, embora a linhagem WAR não apresente diferenças comportamentais maternas em condições basais, pode apresentar alterações sob o efeito de eventos estressantes. Também, com base nos achados, a susceptibilidade de crises convulsivas pode estar relacionada às alterações nas estratégias comportamentais em situações estressantes na vida adulta, que também pode constituir vulnerabilidade às comorbidades psiquiátricas. |