(Contra)Hegemonia e território do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no sudeste paraense

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Miranda, Rogério Rego
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
MST
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-09042018-135445/
Resumo: A territorialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no sudeste paraense se desenvolve no final da década de 1980 e se intensifica nos anos de 1990. Nesse sentido, o objetivo geral de nossa pesquisa é o de analisar as formas de territorialização contra-hegemônicas implementadas pelo MST, a partir da organização dos assentamentos, no sudeste paraense, tendo como recorte espacial os PAs consquistados por esse movimento socioterritorial, no período de 1994 a 2016. Para tanto, utilizamos, como procedimentos metodológicos, a pesquisa bibliográfica e documental; observação sistemática; entrevistas semi-estruturadas; questionários; registros fotográficos e a produção de uma cartografia temática. Em termos de referencial teórico, pautamo-nos principalmente nos escritos de Gramsci para compreender o conceito de hegemonia e para a formulação do que denominamos de um território contra-hegemônico dos movimentos socioterritoriais do espaço agrário do sudeste paraense, com especial atenção ao MST. Inicialmente, o MST atua na luta pela terra, utilizando-se principamente, enquanto tática, da ocupação de terras que desembocaram em acampamentos e esses, por sua vez, em assentamentos, o que não ocorre em uma linha evolutiva, mas sim de maneira gradual, conflitiva e em muitos casos com a manutenção e/ou expansão do território do capital agropecuário e mineral da região, mediante as reintegrações de posse, expropriação ou violência física que corrobora para a desterritorialização dos sujeitos do campo. Paralelamente, o movimento socioterritorial promove uma série de manifestações conjuntas ou não com outros movimentos sindicais, com destaque à Fetagri, o que favorece a constituição de alianças territoriais mobilizadas em tempos-espaços específicos ou mais duradouros, constituindo um bloco histórico-geográfico em aberto, móvel e em reformulação constante. Com a consquista dos Projetos de Assentamentos e a organização de acampamentos, o MST constitui uma rede geográfica solidária camponesa de luta pela terra que fortalece a sua territorialidade no sudeste paraense e ao mesmo tempo se utiliza da política de escalas que possibilita a sua atuação em diversos níveis escalares e igualmente se torna um mecanismo para que o movimento socioterritorial, em conjunto com outros de atuação nacional e internacional, redefina políticas públicas ou crie outras mais adequadas aos interesses das classes subalternas do campo, com destaque ao Pronera. Nesse contexto, o MST amplia sua luta pela terra para sua permanência na terra, com a produção de um outro projeto de desenvolvimento territorial divergente do agropecuário e mineral, analisado, aqui, como contra-hegemônico, pautado principalmente no tripé terra-produção-educação. Para este fim, além da conquista do território, busca-se a constituição de um consenso ativo advindo da classe subalterna, cuja emancipação perpassa pela cisão com o sistema de valores dominantes e a consequente reapropriação dos aparelhos privados de hegemonia, que permitem a construção coletiva da Educação do Campo e da Agroecologia entre os movimentos socioterritoriais e sindicais, os assentados e acampados, Universidade Unifesspa , Instituto Federal Campus Rural de Marabá do IFPA , e o IALA Amazônico.