Avaliação dos atributos da atenção primária à saúde em dois modelos coexistentes na região oeste da cidade de São Paulo, utilizando o Primary Care Assessment Tool

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Avigo, Deoclecio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-11022020-123625/
Resumo: INTRODUÇÃO: O acesso aos serviços do Sistema Único de Saúde é um problema sistêmico e histórico no Brasil. Tal problema também ocorre mesmo com a expansão, desde a década de 1990, da Estratégia Saúde da Família (ESF). Serviços ambulatoriais de atendimento à livre demanda, que na cidade de São Paulo receberam o nome de Assistência Médica Ambulatorial (AMA), foram criados com o intuito de amenizar a pressão sobre as unidades de Atenção Primária à Saúde (APS) e os prontos-socorros hospitalares. OBJETIVO: Avaliar dois modelos coexistentes na APS da região oeste da cidade de São Paulo (AMA e ESF) utilizando o Primary Care Assessment Tool, validado nacionalmente (PCATool - Brasil). METODOLOGIA: Estudo transversal realizado na região oeste da cidade de São Paulo com a aplicação das versões para adultos e crianças do questionário em três serviços de saúde do modelo ESF e outros três serviços AMA. Participaram da pesquisa 310 adultos e 311 responsáveis por crianças, maiores de 18 anos. As entrevistas foram realizadas logo após atendimento nos serviços de saúde (amostragem por conveniência) por três bolsistas previamente capacitados. O PCATool mede a presença dos atributos essenciais da APS (de acordo com a experiência do usuário) avaliando dez componentes, atribuindo escores de zero a 10. Define-se adequada orientação para a APS um escore médio igual ou superior a 6,6. A comparação dos escores entre os tipos de unidades (AMA ou ESF) foi realizada utilizando ANOVA. Construímos modelos de regressão linear múltipla para avaliar a associação entre os escores globais, tipo de unidade e as características sociodemográficas. RESULTADOS: A maior parte dos usuários adultos (77,4%) e responsáveis por crianças usuárias (93,6%) eram mulheres. A maior parte dos entrevistados eram de classe econômica C e tinham ensino médio completo. Na análise bivariada, não houve diferença significativa entre os grupos AMA e ESF, exceto para escolaridade dos usuários adultos (p=0,038), com um maior número de participantes com ensino superior completo no grupo AMA. Nos adultos, o desempenho do modelo AMA foi considerado inadequadamente orientado à APS em todos os componentes avaliados. Por outro lado, os escores atribuídos para a ESF tiveram média igual ou superior a 6,6 em sete componentes. O desempenho das unidades AMA foi superior para o componente acesso/acessibilidade (p=0,004). Para todos os outros componentes, o escore médio das unidades ESF foi superior ao obtido pelas unidades AMA (p < 0,001 para todas as comparações). Para usuários crianças, as unidades AMA apresentaram adequada orientação para a APS apenas no componente acesso/utilização, enquanto as unidades ESF apresentaram adequada orientação para a APS em sete componentes. Nesse grupo etário, o desempenho das unidades ESF foi superior para todas as comparações (p < 0,001). No modelo de regressão linear aplicado aos adultos, encontramos que ser atendido em unidades ESF (p < 0.001), sexo feminino (p=0,026) e idade >= 60 anos (p=0,001) estavam associados significativamente à atribuição de maiores escores globais. Para usuários crianças, ser atendido em unidades ESF (p < 0,001) foi significativamente associado à atribuição de maiores escores globais. DISCUSSÃO: O modelo AMA apresenta inadequada orientação para a APS em todos os atributos, inclusive no atributo acesso, no qual poderia se esperar um destaque positivo. Similarmente, o acesso também foi mal avaliado no modelo ESF. CONCLUSÃO: Ambos os modelos tiveram mau desempenho nos itens que avaliam o atributo acesso. Embora os serviços de APS brasileiros precisem se qualificar no atributo acesso, a adoção do modelo AMA não esteve associada a um desempenho satisfatório nesse atributo