Comparação de progênies de populações naturais e raças locais de Eucalyptus urophylla S.T. Blake

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1997
Autor(a) principal: Luz, Horácio de Figueredo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11142/tde-20220207-211953/
Resumo: O Eucalyptus urophylla S.T.Blake é uma das espécies de eucalipto mais plantadas no Brasil, devido à utilização de sua madeira nas indústrias de celulose, papel, chapas, carvão, serrarias, postes e ocupação de áreas degradadas. É uma espécie com grande potencial de adaptação a ambientes variados, desde as regiões tropicais úmidas até as sub-tropicais, devido à sua amplitude de ocorrência natural em altitudes. Possui boa produtividade e é tolerante a doenças, comuns nos trópicos. Estima-se em mais de 400.000 ha a área plantada com este eucalipto, principalmente no sudeste brasileiro, sendo também muito utilizado seu híbrido com E. grandís. O E. urophylla ocorre em populações selvagens nas ilhas Flores, Pantar, Adonara, Alor, Loblem, Wetar e Timor, na Indonésia, colonizando uma grande região marcadamente vulcânica, instável e com intensa fragmentação e isolamento entre as populações. No leste da ilha Flores ocorre circundando os vulcões Egon e Lewotobi, em densas populações na borda da floresta tropical mista, em sítios férteis. O resultado adaptativo ao ambiente muito variável, após milhares de gerações, são as significativas variações fenotípicas, que envolvem ainda a coexistência com a espécie E. alba, muito próxima taxonomicamente e que pode hibridar com E. urophylla. O E. urophylla apresenta polimorfismo acentuado, o que sempre dificultou sua descrição. Por isso tem sido realizados estudos sobre o desenvolvimento das populações já introduzidas e melhoradas nos trópicos, estabelecendo bases corretas para aproveitar todo o seu grande potencial adaptativo e sua aptidão para hibridação e para usos múltiplos. Este trabalho tem por objetivos caracterizar três populações de E. urophylla em duas gerações ( F0 e F1), comparando suas progênies, para selecionar as árvores superiores em volume de madeira e formar Pomares de Sementes por Mudas que atendam o programa de melhoramento da espécie, equilibrando adequadamente os maiores ganhos de produtividade com perdas aceitáveis da base genética. Foram estudados dois experimentos, antes e após um desbaste seletivo, em Bofete (populações selvagens F0 da Ilha Flores - Egon e Lewotobi ) e Anhembi (população melhorada F1, oriunda da recombinação de Outras Ilhas da Indonésia), ambos sobre solos arenosos na região central do estado de São Paulo. Estes dois testes de progênie foram instalados no delineamento de blocos casualizados, com parcelas lineares e quatro repetições. Os dados de altura, diâmetro, volume, falhas e tipo de casca foram submetidos à análise de variância através dos testes F e REGWF para comparação múltipla de médias. Para controlar e avaliar o efeito do desbaste seletivo que provoca forte desbalanceamento, aumentando o efeito ambiental, foi adicionado ao modelo estatístico a interação blocos x progênies. Entre as procedências foi aplicada a técnica de contrastes lineares (Proc GLM SS3) para comparação das progênies. As variâncias genéticas e fenotípicas e os componentes de variância para volume foram estimados pelo método REML. Foram também determinados os coeficientes de herdabilidade, intensidade de seleção e ganho genético para três métodos de seleção: massal, sequencial e combinada com índice, todos adotando limites de seleção com base no desvio padrão populacional. Com base nos resultados obtidos para as idades entre 3 e 6 anos, concluiu-se que há diferenças significativas entre procedências, e entre progênies para as procedências Lewotobi e Outras Ilhas. Estas possuem os maiores valores de DAP, altura e volume estimado, bem como obtiveram maior ganho genético, com maiores variância genética aditiva e herdabilidades, apresentando portanto maior potencial de melhoramento do que a procedência Egon. As melhores estratégias de seleção, para maximizar ganhos com menor perda da base genética, foram seleção massal para as procedências Lewotobi e para Outras Ilhas. Para a procedência Egon, com menor potencial de melhoramento, a seleção sequencial traz melhores ganhos com redução adequada no número de famílias. A seleção massa! direcionada para o ideotipo casca lisa aumentou sua frequência em quase 20 % na geração F1. Foi observado incremento igual ou pouco menor das árvores superiores do ideotipo casca lisa, em comparação às de casca fibrosa ou rugosa, para as populações selvagens F0. Na população selecionada F1 ocorreu o contrário, com o ideotipo casca lisa apresentando maior crescimento, até 15% a mais que o ideotipo de casca fibrosa. Foi observada grande variação morfológica desde a origem para os tipos de casca, sendo estabelecidas três categorias ou ideotipos para classificação, que não apresentaram nenhuma correlação com as progênies. O efeito do desbaste em um ano reduz acentuadamente as variâncias genéticas e as herdabilidades. Entretanto, após 2 anos, os valores das variâncias aumentam muito mais do que de antes, enquanto as herdabilidades foram retornando à normalidade, indicando que a competição entre plantas está voltando a estratificar as árvores, expressando diferencialmente seu potencial genético. O desbaste seletivo influencia mais as estimativas absolutas dos componentes de variância e das herdabilidades, do que sua proporção em relação ao total. O melhoramento das populações após a recombinação mostra-se mais eficiente, podendo ser aproveitado um leque muito mais amplo de indivíduos, que é demonstrado pela comparação de superioridade das médias das melhores progênies sobre as piores; aos 5 anos, em Flores é de 24% e em Outras Ilhas atinge 56%.