Destinos da sexualidade no cárcere feminino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pereira, Paula Thais Antunes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-22112019-104856/
Resumo: Esse trabalho analisa questões relativas à sexualidade, compreendida através das elaborações psicanalíticas do conceito de pulsão apresentados por Sigmund Freud e, posteriormente por Jacques Lacan, dentro de unidades prisionais femininas. O número de encarceramentos de mulheres tem apresentado proporções alarmantes mundialmente e, nesse contexto, o Brasil apresenta-se com a quarta maior população feminina em instituições penitenciárias. Pela complexidade apresentada nessa situação, o problema extrapola o campo jurídico e exige um olhar interdisciplinar que possa apontar tanto as condições que contribuem para esse processo de aprisionamento em massa, quanto indicar caminhos para possíveis providências ou resoluções. A partir do questionamento sobre o baixo número de visitas e de visitas íntimas em penitenciárias femininas, o objetivo inicial foi responder tais perguntas: Como as mulheres em privação de liberdade lidam com questões relativas à sua própria sexualidade nesse ambiente, há espaço para isso, em que âmbito e de que forma isso emerge? Articulando essa investigação com a análise sobre qual o lugar no laço social ocupado pelas mulheres que foram selecionadas pelo sistema penal e quais seriam os desdobramentos psíquicos diante da experiência de aprisionamento. A investigação ocorreu através da análise da experiência de escuta com mulheres vivendo em condição de privação de liberdade em unidades prisionais de São Paulo. Para contextualizar o campo de estudo, foi utilizado um retorno histórico, apontando como hipótese, que os aprisionamentos femininos ocorrem há muito tempo no contexto brasileiro. Apresentamos as práticas e discursos que, historicamente, circunscreveram e encarceraram mulheres ao espaço doméstico, aos hospitais psiquiátricos e às prisões modernas. Posteriormente, foi examinada a experiência de escuta dentro do contexto prisional utilizando a psicanálise como método de análise, que apresenta uma ampliação acerca do entendimento sobre a sexualidade, não mais restrita ao biológico e à reprodução, mas articulada com o inconsciente e com a linguagem, originando o conceito de pulsão. Desse modo, concluímos que frente as limitações e as privações características de um sistema prisional é possível elencar alguns espaços de destinações pulsionais, onde existe a possibilidade do endereçamento ao Outro e do sujeito de desejo emergir, são eles: o trabalho, os relacionamentos, a maternidade e as cartas