Avaliação de eficiência dos sistemas de saúde: o valor da equidade em saúde em equilíbrio com a efetividade 

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Schenkman, Simone
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-08022022-175127/
Resumo: A literatura internacional e nacional tem demonstrado uma série de discordâncias nas mensurações de eficiência de sistemas de saúde, principalmente no que se refere à equidade em saúde e sua relação com a efetividade, que foi a base deste estudo. Os próprios conceitos são abrangentes e de difícil apreensão, enquanto que as metodologias utilizadas são diversas. O objetivo deste trabalho é analisar e buscar os melhores modelos para a comparação intertemporal de eficiência dos sistemas de saúde, em âmbito internacional e local, especificamente entre os municípios paulistas, tendo como norte a equidade. Para tanto, buscouse a análise da produção de saúde, com variáveis que pudessem refletir extensivamente os seus estágios, desde recursos (financeiros, humanos, materiais, tecnológicos e de governança) até atividades e produtos intermediários (acesso, cobertura e prevenção) e resultados finais (expectativa de vida ao nascer e mortalidade infantil), com variáveis ambientais avaliadas transversalmente. A metodologia empregada foi a análise envoltória de dados (DEA) em rede intertemporal, estratificada por níveis de equidade em saúde, com folgas (modelo aditivo - SBM), além de regressão para dados em painel (efeitos fixos), precedida de revisão integrativa. As variáveis remanescentes nos modelos finais, tanto em nível global quanto local, foram aquelas relacionadas às iniquidades socioeconômicas e culturais (incluindo saúde em nível global; renda e educação de modo interseccional, em nível local) e às vulnerabilidades (desembolsos diretos, em nível global; famílias jovens, de baixa renda, em aglomerados urbanos subnormais, em nível local). Na análise global, a variável expectativa de vida ao nascer foi determinada por baixa iniquidade e altos gastos em saúde per capita. A variável mortalidade infantil associou-se a piores níveis de educação e de busca por atenção à saúde decorrente de diarreia em crianças, aos partos não realizados por profissionais qualificados e à alta incidência de HIV. Na análise local, a produção de saúde pouco explicou os níveis de saúde, estando altamente correlacionados à dimensão intersetorial e de recursos. Neste nível, a variável expectativa de vida ao nascer associou-se à baixa iniquidade de renda e vulnerabilidade, alta renda média per capita, baixa proporção de mães adolescentes, saneamento adequado, baixas taxas de analfabetismo e desemprego, e altas taxas de envelhecimento. A variável mortalidade infantil associou-se à alta iniquidade de renda do trabalho e por etnia, alta proporção de crianças fora da escola, baixas taxas de envelhecimento e altas taxas de desemprego e analfabetismo. O mais marcante é como que a eficiência é tanto maior, quanto menores as iniquidades, conforme os mapas de iniquidades do nível de educação por gênero e etnia, do índice de Theil geral e do trabalho. A dissociação entre a distribuição dos resultados em saúde e o nível geral de saúde da população caracteriza uma escolha política desastrosa para a sociedade, pois associa-se ao incremento dos níveis de segregação, desrespeito e violência em seu interior. A equidade em saúde interseccional, reforçada em seus entrelaçamentos com etnia, gênero e posição social, é essencial para o alcance de bons resultados finais para a sociedade, para além do acesso e da eficácia clínica e sanitária.