Interação de pares de bebês em sua transição de casa para a creche 

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Dentz, Marisa von
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-18032022-155642/
Resumo: A característica inata de sociabilidade do ser humano confere-lhe a necessidade fundante de estar em relação ao Outro, desde o nascimento, o que lhe garante a sobrevivência, o desenvolvimento e a inserção no universo cultural. Preponderam na literatura as investigações em que este Outro que se relaciona com o bebê é o adulto. Entretanto, mudanças relacionadas à organização familiar, inserção e permanência da mulher no mercado de trabalho e aquisição de direito dos bebês à vaga em creche, dentre outros, vêm gerando demandas também por investigações sobre interação de pares em espaços coletivos. Neste sentido, traçou-se o objetivo de investigar, no processo de transição do cuidado e da educação mais centralmente realizados em domicílio para aquele compartilhado entre família e creche, como se dão e como se transformam, com as vivências, as interações de pares de bebês. De caráter qualitativo, todo o processo desta pesquisa se orienta pela perspectiva teórico-metodológica da Rede de Significações (histórico-cultural). Foram acompanhados três bebês focais (idade inicial entre cinco e dez meses) dentre aqueles integrantes de turmas de bebês em três diferentes Instituições de Educação Infantil, do interior do Estado de São Paulo. Os dados foram coletados por meio de: 1) videogravações; 2) entrevistas; e 3) registros de observações. A construção do corpus de análise dos dados passou pelas seguintes etapas: (a) quantificação do tempo de interação dos bebês focais com as demais crianças; (b) edição dos vídeos, com identificação e construção de arquivo específico com episódios interativos do bebê focal com os pares; (c) elaboração de mapas de imagens das interações dos bebês principais com os demais (programa Cmap Tools); (d) busca por possíveis transformações nas interações ao longo da convivência; (e) seleção e apresentação de episódios para dar maior visibilidade às mudanças; (f) análise destes episódios; (g) discussão dos resultados em relação a dados da literatura, levantando questões teóricas. Análises do material empírico apontam para uma riqueza de recursos comunicativos utilizados, dentre eles tendo destaque o olhar, as expressões emocionais, as ações e os gestos, os contatos físicos e os movimentos. As interações puderam ser classificadas como agonísticas, amistosas ou de parceria preferencial. Por vivenciarem o momento de transição à creche, observou-se que o conjunto das relações no novo espaço e as estratégias institucionais de transição refletiram nas interações com pares. Em um dos casos, o bebê mostrou sinais de bem-estar desde o início da frequência, os pares sendo alvos privilegiados de interesse do infante. Nos outros dois casos, apesar de também apresentarem inúmeras interações com pares desde os primeiros momentos de convivência, as interações aumentaram gradativamente, num processo concomitante aos sinais de bem-estar, familiarização e pertencimento ao grupo. No conjunto de interações dos bebês, houve o reconhecimento de fenômenos como: significação, construção de significação e compartilhamento de significados, parceria privilegiada, atenção conjunta, construção da microcultura de grupo e interação grupal. Dentre as contribuições da pesquisa, coloca-se a importância da visibilidade dada à construção dos processos interativos em tão tenra idade, além de fenômenos verificados, mostrando as especificidades destas relações, considerando faixa etária e momento da transição. Tais elementos se fazem úteis tanto teoricamente como para diferentes aspectos das práticas dos profissionais e sua formação e também às famílias, no sentido de poder compreender o que e como ocorrem os processos interativos de bebês, o que eles possibilitam em termos de desenvolvimento geral e de competências sociais.